Brasil gastou quase R$ 0,09 em cada moeda de 1 centavo até suspender produção em 2004

noticiasconcursos.com.br moedas de 1 centavo 1999 2001 e 2004 podem valer r 800 entenda nc 04 1 768x432

NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O Brasil gastava quase R$ 0,09 na produção de cada moeda de um centavo em 2004, ano em que sua fabricação foi encerrada para cortar custos. Mesmo sem nova cunhagem há 20 anos, ainda há 3,19 bilhões dessas unidades pelo país nos dias atuais.

No último domingo (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou que o Departamento do Tesouro dos EUA deixe de produzir novas moedas de US$ 0,01. Como justificativa, citou o aumento no custo de produção.

“Vamos acabar com o desperdício do orçamento de nossa grande nação, mesmo que seja um centavo de cada vez”, disse Trump em sua rede social, a Truth Social.

Segundo o relatório anual da Casa da Moeda dos EUA, o país desembolsou US$ 0,036 para produzir e distribuir cada moeda de US$ 0,01 no ano passado. Com a emissão de mais de 3 bilhões de unidades, o prejuízo foi de cerca de US$ 85,3 milhões.

Feita em aço revestido de cobre, a última versão da moeda de um centavo foi produzida no Brasil entre julho de 1998 e 2004. No último ano de fabricação, a tiragem foi de cerca de 167 milhões de unidades.

O modelo, que pertence à segunda família do real, exibe a representação de Pedro Álvares Cabral, ao lado de uma nau, simbolizando as navegações portuguesas em uma das faces.

Apesar de o BC ter parado de fabricar apenas as moedas de um centavo, o custo de produção desvantajoso se aplica também àquelas de valor de face de R$ 0,05, R$ 0,10 e R$ 0,25. O prejuízo é compensado, em partes, pela produção de demais moedas e cédulas.

No ano passado, uma moeda de cinco centavos custou cerca de R$ 0,13 para ser fabricada, enquanto o BC gastou em torno de R$ 0,23 para emitir cada moeda de dez centavos. A moeda de R$ 0,25, por sua vez, saiu por aproximadamente R$ 0,35.

No passado, o alto custo de fabricação levou o BC a fazer pequenas modificações nas características físicas das moedas de R$ 0,50 e R$ 1.

A solução encontrada em 2002 para compensar a elevação no preço dos materiais usados na produção foi substituir os metais utilizados. O cuproníquel e a alpaca foram trocados, respectivamente, pelo aço inoxidável e pelo aço revestido de bronze.

Países ao redor do mundo eliminaram suas moedas de menor valor de face nas últimas décadas.

O Canadá, por exemplo, parou de produzir centavos em 2012, descrevendo-os como essencialmente um desperdício de tempo e espaço, sob o argumento de que a medida economizaria milhões de dólares por ano.

Mesmo com o avanço tecnológico e com o sucesso do Pix, o dinheiro físico ainda é o terceiro meio de pagamento mais utilizado no Brasil. Esse foi um dos apontamentos da sétima edição da pesquisa “o brasileiro e sua relação com o dinheiro”, divulgada pelo BC em novembro do ano passado.

De acordo com o levantamento, 7% dos entrevistados disseram que a moeda de um centavo é a que mais eles sentiram falta. Em 2021, essa foi a resposta de 4% dos participantes.

Apesar do aumento de uma edição a outra, as moedas de valor de face mais alto costumam ser citadas por uma quantidade maior de pessoas. A de R$ 1, por exemplo, foi a resposta de 22,9% dos brasileiros.

A pesquisa da autoridade monetária foi realizada entre 28 de maio e 1º de julho e ouviu 2.000 pessoas em todas as capitais do Brasil e em municípios com mais de 100 mil habitantes (a única exceção foi o estado do Rio Grande do Sul, atingido por inundações em maio).

Na apresentação dos dados, o diretor de Administração do BC, Rodrigo Teixeira, afirmou que a demanda dos brasileiros por cédulas e moedas segue em patamar elevado e em nível maior do que em 2019, no período pré-pandemia.

Ele destacou que, apesar da queda do uso de dinheiro físico como meio de pagamento, houve manutenção do estoque de meio circulante no país -reflexo da insegurança gerada durante a crise de Covid.

“Na pandemia, o uso do dinheiro aumentou bastante, cerca de 30%, porque teve uma situação imprevista, que [houve] outro uso do dinheiro, como reserva de valor, chamado de poupança precaucional, em que as pessoas entesouram dinheiro para situações imprevistas. Durante a pandemia, tinha um quadro exatamente assim”, afirmou.

Segundo Teixeira, o BC não tem planos até o momento de reduzir o volume de moedas e cédulas em circulação atualmente no Brasil.

De acordo com a autoridade monetária, a retirada de circulação prematura (entesouramento) afeta aproximadamente 35% do total de moedas produzidas no Brasil, elevando gastos, provocando desperdício e impactando o meio ambiente.

O BC apontou também que 13,2% dos brasileiros guardam suas moedas por mais de um ano antes de usá-las. A instituição recorreu às redes sociais a fim de sensibilizar a população sobre o tema. Ao todo, são cerca de 31,5 bilhões de unidades em circulação.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.