Trump exige que Reuters devolva US$ 9 milhões por contrato com governo

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o dono do X, Elon Musk, exigiram nesta quinta-feira (13) que a Reuters “devolva imediatamente o dinheiro” de um contrato de US$ 9 milhões (cerca de R$ 52 milhões) firmado com o Pentágono em 2018, no primeiro mandato de Trump.

A “Reuters radical de esquerda”, escreveu Trump em sua rede social Truth, teria recebido o dinheiro para supostamente promover “fraude social em larga escala”, sem fornecer mais detalhes do que isso significaria. “Devolvam o dinheiro aos contribuintes agora!”, escreveu ele, em letras maiúsculas.

Musk usou o X, na noite de quarta-feira (12), para fazer o mesmo ataque à agência. “A Reuters foi paga com milhões de dólares pelo governo dos EUA para ‘fraude social em larga escala’. Isso é literalmente o que diz na fatura! Eles são uma fraude total. Simplesmente wow”, escreveu. Ele republicou o post de um usuário que reproduz a imagem do registro do contrato, encerrado em 2022, no sistema de gastos públicos dos EUA.

A prestadora do serviço foi a Thomson Reuters Special Services. Ouvida pela Bloomberg, a agência afirmou que se trata de uma divisão voltada para negócios de defesa, sem relação com a área de produção de notícias, pela qual a empresa é mais conhecida. Na resposta à Bloomberg, a Reuters diz que Trump e Musk tentam confundir o público sobre a natureza do contrato.

O termo fraude social em larga escala (LSD, em inglês) é uma rubrica usada em contratos para designar o desenvolvimento de mecanismos de combate contra fraudes e ataques cibernéticos e gerenciamento de risco em sistemas eletrônicos.

Incumbido por Trump de chefiar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) para cortar gastos públicos, Elon Musk publicou seu ataque à Reuters pouco depois de a agência publicar reportagem segundo a qual a maioria dos cortes determinados pelo Doge eram baseados em ideologia, não em análise técnica da economia de recursos.

A Reuters não foi a única a entrar na mira do presidente. Trump acusou a imprensa em geral de receber pagamentos indevidos e sugeriu que o site Politico foi financiado com milhões de dólares sem prestar qualquer serviço em troca.

Na postagem, o republicano questionou se o The New York Times também estaria sendo mantido por esse dinheiro e insinuou que esses pagamentos estariam sendo usados até então para “comprar a imprensa”, replicando o conteúdo publicado por Musk. Ele também exigiu a devolução dos valores aos contribuintes nesses casos.

Na semana passada, o presidente reproduziu a afirmação falsa que circula na rede Truth segundo a qual milhões de dólares teriam sido desviados de agências governamentais para a “imprensa fake news” publicar reportagens favoráveis aos democratas. O site Politico teria recebido R$ 8 milhões.

O USA Spending, sistema online de acompanhamento de despesas públicas, mostra que esse valor foi pago por agências do governo ao veículo noticioso em assinaturas e serviços especiais de conteúdo.

A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os “mais de US$ 8 milhões em recursos públicos” não seriam mais destinados a assinaturas do Politico. “A equipe Doge está trabalhando para cancelar esses pagamentos agora.”

Em outro caso de atrito com a imprensa, na terça (11) a Casa Branca barrou o acesso da Associated Press a um evento com o presidente no Salão Oval depois que a agência de notícias se recusou a alterar seu manual de Redação para se referir ao golfo do México como golfo da América.

Segundo a AP, a Casa Branca disse que a agência seria impedida de acompanhar um evento de Trump caso a mudança não fosse feita. Mais tarde, um jornalista da empresa foi impedido de entrar para cobrir a assinatura de um decreto.

Em nota, a agência chamou a decisão de alarmante, com o objetivo de “punir a AP por seu jornalismo independente”.

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