Lula inclui Motta e Alcolumbre em negociações sobre reforma ministerial

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CATIA SEABRA, VICTORIA AZEVEDO E GUILHERME SETO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O presidente Lula (PT) sinalizou a aliados a intenção de destravar as conversas sobre a reforma ministerial, incluindo os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na rodada de negociações.

De acordo com relatos, Motta e Alcolumbre já foram informados que serão chamados para reuniões com o presidente e a conversa com os partidos deve invadir a próxima semana. O presidente do Senado também viajará nesta quinta-feira (13) com Lula ao Amapá, a convite do petista.

Pelo cronograma descrito por colaboradores do presidente, Lula deverá iniciar as mudanças na Esplanada nas pastas ocupadas hoje por petistas ou ministros considerados de sua cota pessoal.

Nessa condição estaria a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Para seu lugar, estão cotados dois ex-titulares da Saúde: o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o presidente da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), Arthur Chioro.

O nome de Chioro chegou a ser cogitado para o ministério ainda na montagem do governo, em 2022, quando coordenou o grupo de trabalho dedicado à saúde na transição. Médico sanitarista, foi ministro da Saúde no governo Dilma, de 2014 a 2015.

O período dessa articulação coincide com um momento de desgaste do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. A situação do titular da pasta responsável pelo Bolsa Família já era considerada frágil por interlocutores, com sua posição ameaçada. Além disso, na semana passada, ele contrariou o governo ao afirmar que estava à mesa a possibilidade de reajuste do valor do Bolsa Família.

A declaração do ministro gerou ruídos no mercado e levou a Casa Civil a publicar uma nota afirmando que não havia estudos sobre isso no governo. Ele diz à Folha que segue se dedicando “com entusiasmo” ao ministério.

Na avaliação de aliados, o deslize de Wellington poderia ser um empurrão para sua volta ao Senado, até porque colaboradores do presidente defendem reforço da articulação governista na Casa.

Entre as alterações esperadas para a chamada cozinha do presidente está a entrada da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), na Secretaria-geral da Presidência, hoje ocupada por Márcio Macêdo.

A ministra Cida Gonçalves (Mulheres), por sua vez, pode ser substituída pela ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, do PC do B, que assim abriria caminho para que um partido do centro, como o PSD, comandasse sua atual pasta.

Uma ala do governo também passou a defender o nome da deputada federal Tabata Amaral (PSB) para essa pasta, mas o plano enfrenta entraves dentro do PT e do próprio PSB. Além dessa resistência, alguns integrantes do governo apostam na permanência do vice-presidente Geraldo Alckmin na pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Como ambos são do mesmo partido, essa situação inviabilizaria a entrada de Tabata no governo.

Lula ainda vai conversar com os ex-presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco), para discutir eventual entrada deles no governo. O centrão cobiça a pasta da Agricultura, atualmente comandada por Carlos Fávaro (PSD), movimento que enfrenta grande oposição do PSD.

A opção por Padilha para a Saúde abriria um debate sobre o futuro da Secretaria de Relações Institucionais. Enquanto uma ala defende que permaneça com o PT, o que daria força a nomes como o do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA), outro grupo propõe a nomeação de um aliado.

Nesta hipótese, é cotado o nome de Silvio Costa Filho (Republicanos), atual ministro de Portos e Aeroportos. Líderes partidários chegaram a propor o nome de Isnaldo Bulhões (MDB-AL) para a função.

Um aliado do presidente da Câmara diz que Motta espera a conversa com Lula para, num segundo momento, resolver questões internas da Casa que ainda precisam ser definidas, como a distribuição de postos estratégicos e comissões.

Outro político próximo a Motta diz que é preciso que o governo e aliados do presidente tenham a consciência de que 2025 é um ano preparatório para as eleições presidenciais de 2026 e que é preciso uma “mudança de postura” no Executivo mirando a reeleição.

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