Alimentação de baixo carbono na COP30 é foco de experiência gastronômica

A Conferência das Partes (COP30), marcada para 2025 em Belém, terá um cardápio inovador e sustentável, com foco na alimentação de baixo carbono. O evento “Na Mesa da COP30”, agendado para 5 de novembro no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, reunirá representantes de diversas organizações para discutir a proposta de oferecer alimentos agroecológicos durante a conferência, que deverá receber mais de 40 mil participantes de todo o mundo. A discussão central envolverá o modelo de produção alimentar que o Brasil apresentará no principal encontro global sobre clima.

A coalizão formada pelo Instituto Regenera, Instituto Comida do Amanhã e Associação dos Negócios de Sociobiodiversidade da Amazônia (Assobio) lançará oficialmente a Iniciativa para a Alimentação da COP30 durante o evento. Os organizadores destacam a importância de incluir os sistemas alimentares na agenda de combate à crise climática, propondo que produtos agroecológicos sejam a base da alimentação dos participantes. Dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) revelam que o Brasil é um dos dez maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, sendo que dois terços dessas emissões resultam do padrão predominante de produção alimentar, que inclui tanto a agropecuária quanto o desmatamento.

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Foto: Divulgação

Oferecer pratos preparados com ingredientes da sociobiodiversidade amazônica, oriundos da agricultura familiar e com baixo carbono, é visto como uma ação simbólica e transformadora. A proposta tem o potencial de influenciar positivamente a forma como a alimentação é encarada no Brasil e no mundo. “A experiência gastronômica será uma prova de que é possível alimentar uma grande quantidade de pessoas com produtos agroecológicos, desde que haja articulação e intenção”, afirmam os organizadores.

Durante o evento, um cardápio elaborado pela Cooperativa Central do Cerrado apresentará sabores típicos da Amazônia, incluindo açaí, tucupi, castanha, palmito pupunha, macaxeira, cumaru e babaçu. Francine Xavier, cofundadora do Instituto Comida do Amanhã, ressalta a importância de incluir a sociobiodiversidade amazônica na mesa: “A gestão da COP30 deve apoiar a construção de um modelo que promova o bem viver para os amazônidas, aliado à preservação da floresta e à mitigação dos impactos climáticos.”

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Foto: Divulgação

Maurício Alcântara, do Instituto Regenera, aponta que os produtores agroecológicos têm capacidade de aumentar sua produção, mas precisam de mais mercados urbanos para escoar seus produtos. “O modelo atual de distribuição de alimentos no Brasil reflete décadas de políticas que não priorizam a pequena produção. A COP30 é uma oportunidade para mudar esse cenário em Belém e deixar um legado duradouro”, completa.

Paulo Reis, presidente da Assobio, enfatiza a necessidade de dar voz à população amazônica nas discussões sobre o modelo de produção alimentar: “A aliança que estamos formando busca garantir espaço para que os produtores da Amazônia se façam ouvir, reconhecendo a bioeconomia como um vetor de mudanças essenciais na produção de alimentos e no combate às mudanças climáticas.”

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Foto: Divulgação

As práticas agroecológicas são apresentadas como parte da solução para a crise climática. Enquanto a produção convencional é vista como problemática, a agroecologia — que inclui a produção diversificada em sistemas agroflorestais, o respeito aos saberes ancestrais e a eliminação de agrotóxicos — é vista como uma alternativa viável. Essas práticas ajudam a manter a floresta em pé, promovem o reflorestamento e propõem novas cadeias de produção e consumo.

Durante o evento “Na Mesa da COP30”, representantes das organizações envolvidas compartilharão informações sobre a iniciativa. Estarão presentes convidados de órgãos governamentais, como o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, além de representantes de instituições nacionais e internacionais, como a WWF e CONAQ, além de produtores da Amazônia e ativistas da sociedade civil que atuam no combate à fome e em defesa da justiça climática.

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