Presos por tráfico no aeroporto de Guarulhos disparam com ‘mulas’ mulheres

aeroporto de guarulhos

MANUELA RACHED PEREIRA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O número de pessoas presas por tráfico de drogas no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) bateu recorde em 2024, com mais mulheres sendo flagradas como “mulas” nos últimos anos.

O QUE ACONTECEU

587 pessoas foram flagradas com substâncias ilícitas e detidas em GRU pela Polícia Federal no ano passado. Esse é o maior número desde 2001, quando a PF passou a registrar as prisões por tráfico no maior aeroporto do Brasil.

Em 10 anos, quantidade de presos por tráfico mais que duplicou. Em 2014, foram 202 pessoas detidas após serem flagradas com drogas nos terminais e pontos de fiscalização do aeroporto. Ao longo da última década, o número de prisões só diminuiu consideravelmente nos anos da pandemia (2020 e 2021), e voltou a crescer a partir de 2022 (veja o comparativo anual mais abaixo).

Prisões de mulheres também bateram recorde em 2024. No ano passado, 293 “mulas” (pessoas aliciadas pelo tráfico para transportar drogas) do sexo feminino foram presas no aeroporto – quase o mesmo número de homens detidos (294). O registro do último ano representa quase cinco vezes a quantidade de mulheres presas em 2014 (59), quando a PF começou a especificar as detenções por sexo.

Mais mulheres foram presas em janeiro de 2025 do que homens. No primeiro mês de 2025, a PF contabilizou 16 presas e 8 presos. Veja mais abaixo o comparativo dos últimos 10 anos.

PF relaciona alta nas prisões a mais investimentos em segurança. Segundo o órgão, nos últimos anos houve “incremento” de inspeções e trabalhos de inteligência pelos policias federais que atuam no aeroporto.

Já aumento de presas é atribuído a “tentativas de ludibriar a fiscalização”, segundo a PF. O órgão avalia ainda que o envio de mais mulheres para o transporte das drogas via aeroporto pode se dar a uma “possível esperança de um tratamento que privilegie reprimendas legais diferentes da prisão, em razão de muitas serem mães”.

Presos totais por tráfico de drogas no aeroporto de GRU (2014 – 2024):
2014: 202 presos
2015: 299 presos
2016: 292 presos
2017: 320 presos
2018: 290 presos
2019: 315 presos
2020: 115 presos
2021: 190 presos
2022: 343 presos
2023: 406 presos
2024: 587 presos
2025 (até janeiro): 24 presos

Mulheres presas por tráfico de drogas no aeroporto de GRU (2014 – 2024)
2014: 59 presas
2015: 95 presas
2016: 93 presas
2017: 136 presas
2018: 141 presas
2019: 139 presas
2020: 47 presas
2021: 78 presas
2022: 134 presas
2023: 188 presas
2024: 193 presas
2025 (até janeiro): 16 presas
(Fonte: Dados disponibilizados pela Polícia Federal)

MAIS PRISÕES, MENOS DROGAS

Apesar do aumento de detidos, apreensões diminuíram nos últimos dois anos em Guarulhos. Em 2022, foram apreendidas 2,9 toneladas de drogas – número que se repetiu em 2023. Já em 2024, foram capturadas 2,2 toneladas no aeroporto. De acordo com a PF, a aparente contradição se dá pelo “uso de um maior número de indivíduos para transporte de uma menor quantidade de drogas”, que tem como objetivo diminuir perdas nas eventuais apreensões e prisões.

Quantidade de droga apreendida nos últimos três anos é a maior da série histórica. Antes de 2022, apenas em 2019 foi registrada uma apreensão superior a 2 toneladas, mas em quantidade menor do que nos anos posteriores à pandemia.

DROGAS APREENDIDAS E FORMAS DE OCULTAÇÃO

Principal substância apreendida desde 2001 foi a cocaína. De 2001 a janeiro de 2025 foram apreendidas 23,9 toneladas da substância, seguido por 892 quilos de maconha e derivados, além de 424 quilos de drogas sintéticas compostas por metanfetamina e anfetamina. A grande maioria dos presos no último ano era de brasileiros com destino à Europa.

Ingestão das drogas está entre as principais formas de ocultação entre os detidos. Mais de um terço dos presos em 2024, ou 174 deles, foram flagrados no aeroporto após engolirem as substâncias – frequentemente por meio de cápsulas. Inserir os ilícitos em partes íntimas ou escondê-los em fundos falsos no interior de bagagens também foi prática comum adotada pelas pessoas presas, segundo a PF.

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