Após críticas de Trump e Musk à África do Sul, EUA minimizam cúpula do G20

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GUILHERME BOTACINI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Em meio à rusga recente de Donald Trump e Elon Musk com o governo da África do Sul, os Estados Unidos afirmaram que enviarão delegação reduzida à próxima cúpula do G20, organizada por Pretória neste ano.


O presidente americano e seu aliado, nascido na África do Sul, têm criticado o país africano particularmente nas últimas semanas, quando o governo de Cyril Ramaphosa aprovou lei controversa que prevê expropriações de terras sem compensação.


No último domingo (2), Trump afirmou que “a África do Sul está confiscando terras” e que “certas classes de pessoas” estavam sendo tratadas “muito mal”. Ele disse ainda que cortaria financiamento ao país até que a questão fosse investigada.


Ramaphosa defendeu a nova política após a ameaça de Trump, dizendo que o governo não fez nenhum confisco e que visa garantir o acesso equitativo da população à terra.


O secretário de Estado americano, Marco Rubio, também criticou o governo sul-africano. “A África do Sul está fazendo coisas muito ruins. Expropriando propriedade privada. Usando o G20 para promover solidariedade, igualdade e sustentabilidade. Em outras palavras: DEI (sigla em inglês para programas de diversidade e inclusão) e mudança climática”, disse Rubio em publicação no X, sem dar detalhes.


O ministério das Relações Exteriores da África do Sul respondeu à publicação de Rubio dizendo que não há desapropriação arbitrária de terras e de propriedade privada.


Ao longo da semana, questionado sobre o assunto durante visita à República Dominicana, Rubio minimizou o G20 e disse que não estará presente na cúpula, que costuma reunir líderes globais e autoridades da diplomacia das maiores economias do mundo anualmente.


“Não acho que deveríamos estar falando de inclusão global, de igualdade, esse tipo de coisa [no G20]. Acho que deveríamos focar coisas como terrorismo, segurança energética e as ameaças reais à segurança nacional de vários países”, afirmou ele. “Nós teremos algum tipo de representação no G20, eu imagino, mas eu não vou participar.”


O telefonema entre Musk e Ramaphosa foi intermediado pelo pai de Musk, Errol, 78. “Fui perguntado se poderia organizar uma conversa rápida entre Ramaphosa e Elon na noite passada, então eu organizei e eles conversaram alguns minutos depois,” disse Errol à agência Reuters em sua casa em Langebaan, a duas horas da Cidade do Cabo.


Musk, aliado recente de grupos de extrema direita europeus e nascido na África do Sul durante o apartheid, regime de segregação racial que inferiorizava a população negra, entrou na discussão na última segunda-feira (3). Ele acusou o governo sul-africano de ter “leis de propriedade abertamente racistas”, sugerindo que os brancos eram as vítimas, em publicação no X.


Também pelo X, a Presidência sul-africana disse que Ramaphosa e Musk conversaram por telefone na segunda-feira “sobre questões de desinformação e distorções” sobre a África do Sul. “No processo, o presidente reiterou os valores constitucionalmente incorporados da África do Sul de respeito ao Estado de direito, justiça e igualdade.”

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