Secretário do Tesouro dos EUA questiona tese de efeito inflacionário de tarifas de Trump

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O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, questionou nesta quinta-feira, 6, a tese de que as tarifas propostas pelo governo norte-americano terão efeitos inflacionários. Em entrevista à Bloomberg TV, Bessent explicou que as medidas tarifárias podem causar apenas um ajuste ascendente único no nível de preços.

Um dia após o Tesouro manter inalterado o ritmo de leilões, Bessent afirmou não esperar uma mudança na política de emissões em um futuro próximo. Para ele, a trajetória de empréstimos tomados pelo país está em baixa. “Governo está bem financiado”, garantiu.

Bessent argumentou que a “melhor coisa” que os EUA poderiam fazer para assegurar um clima previsível para as empresas seria tornar permanentes o cortes de impostos implementados em 2017, ainda no primeiro mandato de Trump.

O chefe do Tesouro americano disse ainda que está “completamente alinhado” com o CEO da Tesla, Elon Musk, nos esforços para ampliar a eficiência do governo dos EUA.

Bessent negou que a equipe de Musk esteja interferindo no sistema de pagamento do Tesouro.

De acordo com ele, a privacidade dos dados continua muito importante para o sistema da receita.

Treasuries

Bessent projetou que o juro dos Treasuries de 10 anos “naturalmente” cairá à frente, à medida que as políticas de Trump, reduzam a inflação no país. Ele explicou que o governo está mais focado na queda dos rendimentos da renda fixa do que nos cortes de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

O chefe do Tesouro dos EUA, que já fez críticas ao banco central do país, confirmou que já teve reunião com o presidente do Fed, Jerome Powell.

Segundo ele, o encontro foi “construtivo”. “Não vou fazer críticas”, reforçou ele, que garantiu ter certeza de que o Fed “fará a coisa certa”.

Bessent disse esperar que os EUA consigam obter crescimento econômico sólido não inflacionário. “Este é o governo mais pró-negócios da história”, garantiu.

China

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos afirmou ainda que a China tem hoje a economia “mais desequilibrada da história”. Na entrevista à Bloomberg TV, Bessent alegou que o país asiático enfrenta uma recessão e um problema de deflação.

Para ele, Pequim tenta sair dessa situação através de um aumento das exportações, em detrimento do mercado norte-americano.

Segundo ele, os EUA devem tentar conter esse cenário. Na visão dele, os chineses vão absorver as pelo menos parte das tarifas independentemente dos níveis.

Bessent argumentou que o fato de vários países acumularem superávit comercial com os EUA mostra que há problemas no sistema comercial.

Câmbio

Ele, porém, não quis responder quais nações estariam manipulando o câmbio para obter vantagem, à espera de um estudo sobre o tema que deve ser divulgado em abril.

Afirmou, por sua vez, que o governo Trump pretende preservar a força do dólar. “A política do dólar forte está completamente intacta”, garantiu.

Estadão Conteúdo.

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