Calor extremo e chuvas fortes: entenda a relação

As trovoadas de final de tarde no verão são fenômenos comuns e ocorrem devido a fatores como altas temperaturas e grande umidade do ar. O professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Unesc, Michael Peterson, explica que essas instabilidades são formadas pelo aquecimento intenso ao longo do dia e a consequente elevação do ar quente para camadas mais frias da atmosfera.

“O ar quente tem a tendência de subir. Ao alcançar altitudes mais elevadas, encontra temperaturas mais frias, o que gera nuvens carregadas. Esse processo ocorre em áreas extensas e pode resultar em instabilidades que se estendem por centenas de quilômetros”, destaca Peterson.

A relação entre amplitude térmica e chuvas de verão

A amplitude térmica, que se refere à variação de temperatura entre o dia e a noite, também influencia na formação dessas chuvas. No entanto, o professor ressalta que não basta apenas uma grande variação térmica; a umidade do ar também precisa estar elevada para a formação das tempestades.

“Se tivermos um dia com amplitude térmica elevada, mas com ar seco, não teremos tempestades. O fator determinante é a alta umidade, geralmente vinda da Amazônia, que contribui para essa sensação de abafamento e facilita a formação das nuvens de chuva”, explica.

Por que algumas tempestades são tão intensas?

A intensidade das tempestades varia de acordo com a temperatura e a umidade presentes na atmosfera. Em dias extremamente quentes, a energia acumulada na atmosfera pode resultar em fenômenos mais intensos, como ventos fortes e granizo.

“O calor intenso faz com que o ar quente suba ainda mais na atmosfera. Quando isso ocorre em grandes altitudes, a umidade condensa e pode se transformar em gelo, formando granizo. Quanto mais alto esse gelo se mantém na nuvem, maior ele fica até que, por gravidade, caia em direção ao solo”, detalha o professor.

No Sul de Santa Catarina, o granizo é um fenômeno relativamente comum, pois a região frequentemente apresenta condições propícias para sua formação. As nuvens responsáveis por esse tipo de precipitação são conhecidas como ‘Cumulonimbus’, e podem atingir temperaturas de até -15°C em seus topos.

Mudanças climáticas e o aumento das tempestades

Embora muitos associem o aumento das tempestades às mudanças climáticas, Peterson alerta que essa relação ainda é difícil de mensurar. O aumento dos registros meteorológicos nos últimos anos pode dar a impressão de que esses fenômenos estão mais frequentes, mas a variabilidade natural do clima também influencia na quantidade de chuvas e tempestades em cada verão.

“Há verões em que as tempestades são mais frequentes, outros em que são menos intensas. Essa variação ocorre naturalmente. O que sabemos é que temperaturas mais altas e umidade elevada são fatores que favorecem a formação dessas instabilidades”, aponta o professor.

Impactos na saúde e sensação de abafamento

Além das tempestades, o calor extremo e a alta umidade podem causar desconforto e afetar a saúde da população. Durante a madrugada, temperaturas elevadas e sensação térmica acima dos 30°C dificultam a transpiração, impedindo a troca de calor do corpo com o ambiente.

“Quando o corpo não consegue transpirar, a sensação térmica de abafamento se torna muito intensa, o que pode levar a problemas como desidratação e exaustão térmica. Hoje, por exemplo, chegamos a 36°C, mas com sensação térmica acima de 45°C, podendo atingir até 50°C”, alerta o especialista.

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