GCM usa bomba de efeito moral e bala de borracha contra protesto no Jardim Pantanal

jardim pantanal

CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Moradores do Jardim Pantanal, bairro no extremo leste de São Paulo que está com ruas alagadas desde a madrugada de sábado (1º), acusam a GCM (Guarda Civil Metropolitana) de disparar bombas de efeito moral e balas de borracha contra pessoas que protestavam após horas em uma fila para conseguir o cartão de auxílio emergencial.

Segundo testemunhas, uma confusão começou quando os moradores foram informados de que não seriam mais atendidos nesta quarta-feira (5). Dezenas de pessoas na fila, incluindo crianças, gritaram “libera a senha”.

Vídeos divulgados pelo perfil Jardim Helena ZL, no Instagram, mostram moradores correndo e gritando após o disparo das bombas de efeito moral. Mostram também que alguns deles xingam e jogam pedras nos guardas-civis durante a confusão. Um homem sofreu ferimento nas costas.

Segundo a bancada feminista do PSOL na Câmara Municipal, que acompanha a situação na região, o protesto começou após a paralisação da distribuição de senhas para cadastramento social na Prefeitura de São Paulo.

“A manifestação foi reprimida pela GCM com balas de borracha e bombas de efeito moral”, afirma a bancada em nota.

O cadastro era realizado na escola municipal Mururés, no Jardim Helena. As pessoas esperavam na fila desde as primeiras horas da manhã e o atendimento foi encerrado no início da tarde.

“É desumano obrigar pessoas que já perderam tudo a passarem horas numa fila para se cadastrar e poder receber o auxílio. A prefeitura precisa garantir o atendimento de todos. Só um prefeito que não se coloca no lugar das pessoas para tratar o povo dessa forma”, afirmou Silvia Ferraro, covereadora da bancada feminista do PSOL.

Coronel Ricardo Mello Araújo (PL), vice-prefeito de São Paulo, defendeu a ação da GCM, em entrevista à TV Globo na noite desta quarta.

“De forma alguma [houve excesso], o que teve ali foi uma contenção para que as pessoas não invadissem a escola e causassem um mal maior ainda. Pessoas que estavam na escola ficaram assustadas, alguns se trancaram, porque, infelizmente, eles queriam invadir e a guarda, é logico, cumpriu o papel dela que é defender o patrimônio e a vida das pessoas”, afirmou.

A Prefeitura de São Paulo informou que entregou 1.264 cartões emergenciais desde sábado a moradores que tiveram as casas alagadas na região do Jardim Pantanal. Outros 3.527 cadastros são analisados.

“Em razão da presença de pessoas que vivem em bairros não atingidos e de diferentes pessoas que residem numa mesma casa, provocando duplicidade no pedido, a prefeitura decidiu que não fará novos cadastros nos pontos de atendimento”, diz nota oficial.

Segundo a prefeitura, a Defesa Civil faz buscas nas ruas para cadastrar novas famílias. Além disso, será mantida a distribuição de refeições nos postos de atendimento (café da manhã, almoço e jantar).

A gestão de Ricardo Nunes (PMDB) não respondeu ao questionamento da Folha de S.Paulo sobre os disparos feitos pela Guarda Municipal.

Na segunda-feira (3), moradores receberam com um protesto o vice-prefeito. Ele disse que conversava com a população e que começou uma gritaria quando a imprensa chegou.

No mesmo dia, à tarde, um grupo bloqueou a rodovia Ayrton Senna, na altura do km 25, sentido interior, em manifestação contra as enchentes no bairro.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.