Médicos usam furadeira doméstica para cirurgias em SP

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Médicos de um hospital no centro de São Paulo foram filmados usando furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas. O equipamento é proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Todos os pacientes ortopédicos eram operados com furadeira no Hospital Nossa Senhora do Pari, que fica na região do Brás. Vídeos obtidos pela TV Globo mostram médicos manipulando furadeiras domésticas na sala de cirurgia.

Funcionário diz que hospital mantém de cinco a nove furadeiras, que têm manutenção precária. “Algumas têm a marca raspada, umas são passadas isolante no cabo. Outras os próprios médicos reformam”, contou ele em entrevista à Globo em condição de anonimato.

“Tem uma pessoa responsável por comprar as coisas do hospital e ela compra esse porque diz que é mais barato e também para manutenção é mais barato”, disse um funcionário do Hospital do Pari à TV Globo.

O uso de furadeira doméstica em cirurgias não é liberado pela Anvisa. Uma nota técnica divulgada pelo órgão diz que o equipamento representa grave risco à saúde da população. Entre os problemas, a Anvisa diz que a furadeira comum não tem controle da rotação, não pode ser esterilizada e nem está protegida de descargas elétricas. O uso também configura infração sanitária por se tratar de um produto sem registro sanitário.

Vídeos também mostram que o hospital usava detergente desengordurante de cozinha para higienização, e não um produto indicado para o ambiente hospitalar. O UOL procurou o Hospital do Pari e aguarda posicionamento.

Governo de São Paulo diz que Vigilância Sanitária realiza inspeções periódicas e anuais no local, mas não informou a data da última inspeção ou se alguma irregularidade foi encontrada. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que o hospital é uma unidade filantrópica, que possui total autonomia.

Prefeitura informou que não é responsável pela fiscalização do local, mas que o Hospital Nossa Senhora do Pari tem licença sanitária vigente até abril de 2025.

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina) diz que investiga o caso. “Já acionamos o departamento de Fiscalização. As apurações correm sob sigilo”.

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