Não houve ataque especulativo contra o real no fim do ano, diz CEO do Itaú

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, afirmou nesta quinta-feira (6) que a disparada do dólar no fim de 2024 se deveu ao aumento no fluxo de saída de recursos do país, não a uma aposta especulativa contra o real.


Em 18 de dezembro, a moeda americana chegou ao recorde nominal (sem considerar a inflação) de R$ 6,267.


“Não vimos qualquer ataque especulativo. O Banco Central fez intervenções pelo fluxo de saída sazonal” disse o executivo, ao comentar o balanço do banco referente ao ano passado.


No ano passado, a saída de dólares do país pela via financeira bateu recorde: US$ 87,2 bilhões, maior valor da série histórica do Banco Central que começa em 1982. A incerteza com a economia global e com a saúde fiscal brasileira foram um dos motivadores da evasão, assim como o crescimento da atividade econômica brasileira, o que possibilitou um maior envio de lucros para fora.


Na avaliação de Maluhy, a alta do dólar impacta a inflação e a taxa de juros, mas a recente queda da divisa, hoje negociada ao redor de R$ 5,81, pode conter esse efeito.


“O câmbio voltando tem um efeito inflacionário positivo, o que pode levar uma taxa de juros até mais baixa do que a projetada, a depender das condições. O que significa dizer que o cenário pode ser até um pouco mais positivo”, disse o executivo.


As projeções atuais do banco para o fim de 2025 são de Selic a 15,75%, inflação fora da meta, a 5,8%, e dólar a R$ 5,90.


“Atualmente, há uma expectativa crescente com relação a toda a agenda econômica [do Brasil], com uma ansiedade para a estabilização da dívida pública”, afirmou o CEO do Itaú.


Economistas avaliam que os indicadores financeiros só terão uma melhora significativa com um amplo ajuste fiscal.


Com as atuais perspectivas econômicas, o Itaú espera uma desaceleração no seu crescimento em 2025. A estimativa é que a carteira de crédito total tenha um ganho anual entre 4,5% e 8,5%. Em 2024, ela cresceu 15,5%.


Apesar de um cenário mais desafiador, o banco não se preocupa com uma eventual alta na inadimplência que hoje está nas mínimas históricas do Itaú, a 2,4%.


“Nossa carteira vai continuar crescendo com clientes mais resilientes, sempre aumentando principalidade e engajamento”, disse Maluhy.


O Itaú tem focado clientes de mais alta renda, que são menos impactados pela alta na inflação, o que lhe garantiu um crescimento na concessão de crédito maior do que a evolução do custo deste produto.


“O banco nunca esteve tão bem para entrar em qualquer cenário que seja”, afirmou o CEO.

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