Alagoas registra 16 casos de morte por envenenamento esse ano; perito alerta para o uso recorrente de chumbinho


Comercialização do chumbinho, que é altamente tóxico, é proibida no Brasil. Vigilância Sanitária diz que faz fiscalização constantes na capital para combater venda ilegal. Mesmo proibido, chumbinho pode ser facilmente comprado em Maceió
Reprodução/TV TEM
Usados na prática agrícola, o “chumbinho” se popularizou no Brasil como veneno de rato, mas ele tem sido usado com frequência em Alagoas para práticas criminosas. Segundo dados da Polícia Científica, somente esse ano foram 16 casos de envenenamento, sendo três por pesticida.
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O caso mais recente foi a morte da professora Joice dos Santos Cirino, que passou mal depois de comer uma coxinha dada pelo marido. Outro caso que ganhou repercussão foi a morte de Anthony Levi, de apenas 4 anos, envenenado pelo pai.
O perito Thalmanny Goulart explica que as substâncias mais comuns usadas para práticas criminosas no estado são o sulfotep e o terbufós. Esses são componentes do chumbinho, produto clandestino altamente tóxico e em geral usado como veneno agrícola. No Brasil, o chumbinho ficou conhecido como ‘veneno de rato’.
“Essas substâncias são altamente tóxicas e ambas são de comércio proibido em território nacional. No ano passado foram 6 mortes por essas substâncias. É preciso ter uma fiscalização para o uso irregular dessa substância”, disse o perito.
Anthony Levi foi envenenado pelo pai que colocou chumbinho na comida da criança para se vingar da mãe
Arquivo pessoal
A comercialização do chumbinho está proibida no Brasil desde 2012, por ordem da Anvisa. Segundo a agência, a decisão foi necessária na época devido ao seu uso irregular e indiscriminado, tanto para envenenar roedores e outros bichos quanto para provocar abortos, homicídios e suicídios.
Esse ano, a Vigilância Sanitária já realizou a apreensão de 15 kg de veneno e interditou 20 estabelecimentos que comercializavam os produtos de forma clandestina. Segundo a Visa, os mercados públicos e feiras livres do Jacintinho, Benedito Bentes e Levada, onde eles são encontrados com maior frequência.
Comércio clandestino
Mesmo com a venda proibida, veneno de rato é encontrado na internet
O chefe de núcleo de agrotóxicos da Adeal, Paulo Melo, explicou que no mercado clandestino substâncias que são de uso agrícola são comercializadas de forma irregular e que isso representa um grande risco.
“São produtos clandestinos. As pessoas pegam essas substâncias e fazem o chumbinho, que tem uma aparência de granulado de chocolate. Alguns comerciantes compram esses produtos como se fosse para uso e vendem”, disse.
O perito Ken Ichi Namba, que também é farmacêutico, alerta para o perigo de comprar produtos alta toxicidade em feiras livres.
“O chumbinho não possui rótulo com orientações de manuseio e segurança, telefones de emergência e, o que é mais grave, não tem a descrição do agente ativo bem como antídotos em caso de envenenamento, o que é fundamental para orientação do profissional de saúde nesse momento”, alertou o perito criminal.
Fiscalização
Ao g1, a Vigilância Sanitária informou que tem realizado constantes fiscalizações para o combate à venda irregular desses produtos, principalmente em mercados públicos e feiras livres.
A Vigilância destaca que as pessoas devem denunciar caso identifique a venda irregular desses produtos. Já os responsáveis pelo local serão punidos com a apreensão dos produtos e instauração de processo administrativo para aplicação de multas.
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