Número de mortos em conflito na RDC sobe para 2.900, diz balanço da ONU

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Pelo menos 2.900 pessoas morreram nos confrontos que resultaram na captura de Goma, cidade ao leste da República Democrática do Congo (RDC), por milícias rebeldes do grupo M23, apoiadas por Ruanda, afirmou uma autoridade da ONU nesta quarta-feira (5).

“Dois mil corpos foram recuperados das ruas de Goma nos últimos dias, e outros 900 estão no necrotério”, disse Vivian van de Perre, chefe-adjunta da missão das Nações Unidas na RDC, durante entrevista coletiva por videoconferência, em Goma. O saldo pode aumentar, acrescentou.

A ONU e outras agências de ajuda humanitária relataram que as ruas de Goma -maior cidade do leste da RDC- se encheram de corpos, e seus hospitais ficaram lotados de pacientes com ferimentos de bala e estilhaços na terça, um dia depois de a milícia rebelde invadir a área.

Em meio ao conflito, centenas de mulheres foram estupradas e queimadas vivas na semana passada quando a cidade era tomada pela milícia, de acordo com uma investigação do jornal britânico The Guardian. Elas eram detentas que foram atacadas em uma ala dentro da prisão de Munzenze, em Goma, durante uma fuga em massa.

Van de Perre disse que enquanto vários milhares de homens conseguiram escapar da prisão, a área reservada para mulheres foi incendiada. Imagens registradas logo após os rebeldes do M23 chegarem ao centro de Goma revelam vastas colunas de fumaça preta subindo da prisão na manhã de 27 de janeiro.

A ministra das Relações Exteriores do RDC, Therese Kayikwamba Wagner, denunciou, nesta quarta, em Bruxelas, a falta de reação da comunidade internacional à ofensiva rebelde no leste de seu país.
“Vemos muitas declarações, mas não vemos nenhuma ação”, disse Therese após uma reunião com o ministra das Relações Exteriores belga, Maxime Prevot.

No início do dia, o movimento rebelde M23, apoiado por Ruanda, lançou uma nova ofensiva na cidade de Goma, no leste do país, apesar do anúncio de um cessar-fogo apenas um dia antes.

“Essa crise é uma ameaça à paz e à segurança internacionais, já que mais de 4.000 soldados ruandeses reivindicam o direito de ocupar ilegalmente um território soberano”, disse a diplomata. “Este é um conflito internacional.”

O leste da RDC é uma região rica em recursos naturais, como ouro, tântalo e estanho, que são usados para baterias e aparelhos eletrônicos. O governo acusa a vizinha Ruanda de querer saquear essa riqueza.

Ruanda, por outro lado, diz que busca erradicar os grupos armados da região, principalmente aqueles que foram criados por ex-oficiais hutus após o genocídio tutsi de 1994 naquele país. Estima-se que mais de 800 mil pessoas foram brutalmente assassinadas na época, em um período de cem dias, após a morte do presidente ruandês Juvénal Habyarimana, quando seu avião foi abatido.

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