Alta nos combustíveis: entenda os impactos

O aumento no preço dos combustíveis tem sido um dos assuntos mais debatidos no Brasil nos últimos dias. Desde o último final de semana, os consumidores passaram a pagar mais pelo diesel, gasolina e etanol, uma mudança que impacta diretamente o bolso dos brasileiros e reflete em toda a economia nacional. Mas o que levou a essa elevação nos preços?

Em entrevista à Rádio Cidade em Dia, o economista Murialdo Gastaldon explicou os principais fatores que influenciaram esse aumento. Segundo ele, a alta no preço do diesel ocorreu devido a dois principais fatores: o reajuste determinado pelo governo federal e a elevação do ICMS pelos estados.

“O preço do diesel estava sem qualquer reajuste desde dezembro de 2023. Agora, com a decisão do Confaz de elevar o ICMS de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro, somada ao aumento do governo federal no óleo diesel, tivemos esse impacto direto nos postos de combustíveis”, afirmou Gastaldon.

A mudança na política de precificação dos combustíveis

Outro fator que tem influenciado o mercado é a mudança na política de precificação da Petrobras. Durante o governo do ex-presidente Michel Temer, em 2016, os preços dos combustíveis passaram a ser atrelados ao mercado internacional, o que fazia com que qualquer variação no valor do petróleo ou na cotação do dólar impactasse diretamente o consumidor brasileiro.

“De 2016 até maio de 2023, o preço dos combustíveis no Brasil era praticamente definido por fatores externos. Se o petróleo subia no mercado internacional, a gasolina subia aqui. Se o dólar aumentava, isso também refletia no preço. Com a mudança realizada pelo governo Lula, o cálculo passou a levar em conta os custos internos, como a extração e o refino”, explicou Gastaldon.

Essa nova abordagem trouxe uma maior estabilidade ao mercado, evitando reajustes constantes. “Hoje, o preço está mais previsível, mas isso não significa que ele não possa ser ajustado conforme necessário. A Petrobras ainda precisa garantir rentabilidade, mas a volatilidade reduziu bastante”, acrescentou o economista.

Reflexos no custo de vida

O aumento do diesel e da gasolina gera uma reação em cadeia na economia, afetando desde o transporte público até o preço de produtos essenciais. Murialdo Gastaldon alerta que esse aumento pode ter impacto na inflação, já que o Brasil ainda depende fortemente do transporte rodoviário para o escoamento de mercadorias.

“O combustível afeta diretamente o nível geral de preços. Ele influencia desde os custos do transporte público, como ônibus e táxis, até o transporte de mercadorias, impactando diretamente o preço de produtos essenciais para o consumidor”, destacou.

“Estamos no início do escoamento da maior safra do Brasil, e grande parte desse transporte é feito por caminhões. Qualquer alta no diesel se reflete nos preços finais dos produtos nos mercados”, complementou Gastaldon.

Mesmo com o recente aumento, a expectativa é de que novos reajustes demorem a ocorrer, pelo menos no que diz respeito à tributação estadual. “A reunião do Confaz que define o ICMS dos combustíveis acontece uma vez por ano. Então, em relação ao imposto estadual, o próximo reajuste só deve acontecer no ano que vem”, disse.

A discussão sobre os preços dos combustíveis continua a movimentar a economia e a política nacional. A estabilidade nos preços dos últimos meses foi um alívio para os consumidores, mas a recente alta reacende preocupações sobre os impactos na inflação e no custo de vida. “O impacto pode ser menor do que em anos anteriores, pois os reajustes agora são mais espaçados. No entanto, qualquer aumento no combustível tem reflexos diretos na economia”, concluiu Murialdo Gastaldon.

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