Jovem alcança nota no Enem suficiente para cursar medicina em 86 das 88 faculdades públicas do país: ‘Fiquei em choque’


Maria Clara Lopes Rolim, de 27 anos, acertou 165 das 180 questões do Enem. A jovem de Sorocaba (SP), que já é formada em Relações Internacionais e Artes Cênicas, descobriu que queria ser médica durante a pandemia da Covid-19. A sorocabana Maria Clara Lopes Rolim, de 27 anos, comemora a aprovação em 14º lugar de 100 vagas na Universidade Federal do Rio de Janeiro
Divulgação
Garantir uma vaga para estudar o curso que deseja em uma universidade pública é o sonho de muitos estudantes. Agora, imagine obter nota suficiente para cursar o que sonha em quase todas as faculdades públicas do Brasil?
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Isso aconteceu com a Maria Clara Lopes Rolim, de 27 anos. A jovem de Sorocaba (SP) obteve pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) uma nota que permitiria que ela cursasse medicina em 86 das 88 faculdades públicas do Brasil.
Aos 17 anos, Maria precisou se mudar sozinha para o Rio de Janeiro para cursar Artes Cênicas na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). Ela chegou a cursar duas universidades ao mesmo tempo: Artes Cênicas e Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Mas, aos 23 anos, com dois diplomas em mãos, ela diz que sentiu a necessidade de mudar de carreira e escolheu um dos cursos mais concorridos do país: medicina. O desejo, conforme ela mesma relata, aflorou durante a pandemia da Covid-19.
“O meu TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] foi sobre governança da saúde global. Somando isso ao choque da pandemia, eu me vi na necessidade de mudar de carreira. Queria fazer algo que fosse útil para a sociedade. Levar qualidade de vida para as pessoas”, conta.
Decisão tomada, a jovem começou a fazer cursos de pré-vestibular. Foram três anos dedicados a fase de vestibulanda. Em 2024, Maria fez o Enem e quando foi conferir quantos acertos havia obtido nas provas teve a surpresa.
“Eu acertei 165 de 180 questões. Aí em janeiro veio a nota da redação, tirei 960. Calculei a minha nota e já fiquei em choque, falei para os meus pais, ‘eu não acredito, vai dar certo, eu vou passar’. Nossa, eu chorei, os meus pais choraram. Nem tinha aberto o Sisu ainda, a gente só estava analisando os resultados”, relembra.
Maria Clara relata que apoio da família foi essencial durante o período de estudos para o vestibular
Arquivo Pessoal
Quando abriram as inscrições no sistema do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Maria Clara teve a confirmação de que a nota obtida por ela no Enem estava acima da nota de corte de 86 das 88 faculdades de medicina, com vagas para ampla concorrência, oferecidas pelo sistema.
“A minha nota foi maior que a nota de corte de outras 86 faculdades. E foi uma emoção gigantesca, assim, porque eu não esperava essa proporção. Se eu passasse em último lugar na UFRJ, eu já ficaria igualmente feliz. Então foi muito chocante ver o quão alta foi a minha nota. Uma sensação de alívio. Fez valer a pena esses três anos dedicados aos estudos”, comemora.
A jovem, que ainda mora no Rio de Janeiro, optou por se inscrever na UFRJ e foi aprovada em 14º lugar de 100 vagas.
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Métodos de estudo
Para alcançar a excelente nota, Maria Clara precisou dedicar praticamente 100% da rotina aos estudos por cerca de três anos. A jovem, que se formou no Ensino Médio em 2014, diz que a revisão do conteúdo exigiu tempo. Ela optou por combinar os estudos em casa e as aulas no cursinho pré-vestibular.
“Retomei a rotina de acordar 6h da manhã, estar no cursinho às 7h, assistir aulas até 13h, depois seguir com os estudos lá mesmo, de forma mais independente, na parte da tarde, cumprir com listas de exercícios, simulados, provas antigas, leitura de teoria. Fui pegando o ritmo aos poucos, me sentia exausta no início e depois tudo foi melhorando. Graças a Deus tive pessoas que acreditaram muito em mim, a começar pelos meus pais.”
Jovem fez cursinho pré-vestibular por três anos até obter média para cursar medicina pelo Sisu
Arquivo Pessoal
Maria Clara diz que optou por combinar os estudos em casa e as aulas no cursinho pré-vestibular.
“Fiz cursinho por três anos, com todo o conteúdo programático padrão de vestibular, mas eu mudei minha forma de estudar no meu segundo ano de curso, quando conheci um método de mentoria. Senti uma mudança drástica depois disso. Esse acompanhamento foi o diferencial para mim. Aprender a usar o meu tempo de estudos de forma mais produtiva e sem exaustão foi a grande virada de chave”, completa.
Maria Clara relata que teve ajuda dos mentores Bruno Terra e Daniela Caldas durante os estudos pré-vestibular
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Antes de surgir na vida da Maria, o sonho pela medicina surgiu na vida da avó paterna dela, Catharina Lopes Rolim. “Minha avó sonhava em ter uma neta médica. Ela tem Alzheimer e infelizmente não vai ter consciência de que comecei o curso, de que estou no caminho, mas ainda assim é uma alegria poder realizar este sonho por ela. Eu vi o quanto o Alzheimer influencia todo o núcleo familiar. Foi mais uma das coisas que me influenciaram a seguir carreira médica. Se em algum momento eu puder contribuir para a cura dessa doença, é um caminho que me daria um propósito de vida”, afirma.
Volta à vida acadêmica
Passado o “choque” da aprovação e a tensão em escolher em qual universidade iria estudar, agora a jovem lida com a ansiedade pela nova fase da vida.
“Estou muito animada, mas também estou com medo. Imagino que seja um curso difícil, que vai me exigir muito. Espero ser capaz de ter um bom desempenho, sei do meu potencial e estou confiante que vou conseguir. Estou bem ansiosa para o início das aulas e com sede pelo conhecimento.”
Jovem de Sorocaba (SP) alcança nota no Enem de 2024 para cursar medicina em 86 das 88 faculdades públicas do país
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