Nunes diz que número de mortes de motociclistas em SP se assemelha ao de homicídios

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FÁBIO PESCARINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que o número de mortes de motociclistas no trânsito de São Paulo se assemelha ao de homicídios na capital.

A afirmação foi feita na manhã desta sexta-feira (31), durante assinatura de ordem para início das obras de retrofit no antigo edifício do hotel Grão Pará, no centro, ao ser questionado sobre uma ação do Ministério Público que pede explicações sobre a letalidade no trânsito paulistano.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o promotor de Justiça Arthur Antonio Tavares Moreira Barbosa deu prazo de 45 dias para a Prefeitura de São Paulo informar quais ações serão tomadas a partir deste ano para reduzir o número de mortes nas ruas e avenidas.

Segundo dados do Infosiga, sistema de monitoramento da letalidade no trânsito do governo estadual, no ano passado 483 ocupantes de motos morreram nas ruas e avenidas da cidade. O número é quase 20% maior que os 403 óbitos do ano passado.

Na quinta (30), o Painel da Folha de S.Paulo antecipou que a cidade de São Paulo registrou 498 vítimas de homicídios em 2024, uma queda de 3,5% ante o ano anterior e o menor número desde 2001, quando teve início a série histórica da Secretaria de Segurança Pública. Em 2023, o número de vítimas foi de 516.

“Pela primeira vez, o número de homicídios na cidade é quase idêntico ao de mortes por acidente de moto. A gente sempre teve homicídio muito acima do de acidentes [com motociclistas]. É muito próximo, é quase igual “, disse.

A comparação foi feita quando Nunes foi questionado sobre a retirada da meta que impunha à prefeitura a redução da mortalidade -em abril de 2023, o prefeito revisou seu Programa de Metas e uma delas, a 39, passou de “reduzir o índice de mortes no trânsito para 4,5 por 100 mil habitantes” para a promessa de “realizar 18 ações para a redução do índice de mortes no trânsito”.

A mudança é questionada no processo administrativo de acompanhamento instaurado pela 1ª Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital.

“A gente queria atingir 4,5 por 100 mil habitantes e daí para baixo, obviamente. Mas tem toda uma questão que foi acontecendo e foge um pouco daquilo que tem de capacidade o poder público municipal, como, por exemplo, nós tínhamos, em 2014, 800 mil motos. Em 2024, subiu para 1,3 milhão de motos”, afirmou. “É uma nova realidade o uso de motos muito ativo.”

Nunes voltou a atacar as empresas de aplicativo de transporte 99 e Uber -as chamou de irresponsáveis-, que neste mês implantaram serviço de mototáxi na cidade, interrompido na última segunda-feira (27), quando a Justiça ordenou a suspensão imediata da atividade, após uma ação da prefeitura. As duas dizem que vão recorrer.

“[Tem] essa luta para não deixar essas empresas levarem a vida dos nossos motociclistas e dos passageiros. Querem levar o dinheiro, tudo bem, leva o dinheiro. Deixa a vida das pessoas aqui”, afirmou o prefeito

Ao lado do governador em exercício, Felicio Ramuth (PSD), o prefeito disse que vai pedir ajuda ao governo do estado para pressionar as empresas de serviço de delivery que dão a opção de entrega rápida, o que faz o motociclista corra para cumprir o prazo.

A reclamação de parlamentares na manifestação ao Ministério Público chamou a fiscalização de trânsito na cidade de pífia.

O prefeito negou que houve queda na fiscalização, apesar de a Folha de S.Paulo ter mostrado no ano passado que o número de veículos sob responsabilidade de um agente de trânsito na cidade de São Paulo havia saltado quase 70% em uma década.

A disparada refletiu a queda de pouco mais de 20% no quadro desses funcionários na CET entre 2014 e 2023, na contramão aos 30% a mais de carros, motos e outros na frota na capital paulista.

Nunes voltou a defender a implantação da faixa azul para trânsito exclusivo de motos como uma das ações contra a letalidade. Atualmente há 215,2 km de sinalizações para motociclistas e nesses trechos houve redução de 47,2% nas mortes, afirma a administração municipal.

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