Justiça condena fazendeiro por maus-tratos a búfalos em Brotas (SP)

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FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O fazendeiro Luiz Augusto Pinheiro de Souza, proprietário da Fazenda Água Sumida, em Brotas, interior de São Paulo, foi condenado por maus-tratos a búfalos.

As penas são de um ano de reclusão, no regime inicial semiaberto, e três anos, sete meses e dez dias de detenção, também no regime inicial semiaberto, além de multa. A sentença é do juiz Guilherme de Cillos Chalita, da 1ª Vara de Brotas, e foi publicada na quinta-feira (23). Cabe recurso.

A defesa de Souza foi procurado na manhã desta terça-feira (28), mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

Cerca de mil búfalos foram encontrados abandonados sem comida, sem água e debilitados na fazenda, em novembro de 2021. À época, segundo voluntários de ONGs que se juntaram para socorrer os animais, cerca de 200 deles morreram de fome e sede.

Os animais -a maioria fêmea e prenhe- foram deixados numa área da fazenda de 500 alqueires, onde não havia qualquer tipo de vegetação e sem acesso à água, seja em cochos, nascentes ou rio.

Carcaças de animais foram encontradas enterradas pela Polícia Ambiental, mas também havia animais mortos no campo.

O crime foi denunciado à Polícia Civil pela Associação Protetora dos Animais de Brotas.

Por causa do flagrante, o dono da propriedade foi preso em novembro de 2021 e multado em mais de R$ 4 milhões. Deixou a prisão no mesmo dia, após pagar a multa milionária e mais uma fiança de R$ 10 mil.
Um ano depois, os 913 búfalos sobreviventes conseguiram se recuperar da desnutrição.

Desde janeiro de 2022, após determinação da 1ª Vara da Justiça de Brotas, os animais estavam sob os cuidados da ONG ARA. O Vale da Rainha, em Cunha, e outro santuário, o Rancho dos Gnomos, se uniram e solicitaram à Justiça autorização para cuidar permanentemente do rebanho. No dia 13 de novembro de 2023, a solicitação foi atendida, segundo a assessoria da ONG.

À Folha, em novembro de 2022, o pecuarista negou as acusações de maus-tratos e abandono. Quando foi feita a denúncia, segundo sua versão, era final de estiagem e os animais encontrados mortos ou mais magros do que o recomendado estavam idosos.

“Fui prejudicado porque perdi minha propriedade, meu sustento e tive uma prisão injusta. A alegação de maus-tratos e abandono das búfalas é uma mentira, um alarde desta ONG para obter vantagem econômica e publicidade, e o que eles têm feito é um estelionato”, afirmou Souza à ocasião.

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