Vigário Geral, no Rio, é alvo de disputa entre CV e grupo do traficante mais procurado do estado

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Moradores do bairro de Vigário Geral, na zona norte do Rio de Janeiro, relataram um intenso tiroteio ao longo da madrugada desta terça-feira (28). A disputa seria entre as facções Comando Vermelho e TCP (Terceiro Comando Puro).

O 16° Batalhão da Polícia Militar, de Olaria, disse que a unidade fez uma intervenção na região “após tomar conhecimento da presença de criminosos”.

A PM disse que o policiamento está reforçado para evitar o confronto entre as facções, inclusive com a presença de um veículo blindado, o chamado caveirão.

Vigário Geral é vizinha de Parada de Lucas. A região faz parte do Complexo de Israel, área de domínio de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, considerado pela polícia o líder do TCP e o traficante mais procurado do estado.

O TCP domina também outras comunidades ao redor, como Pica-Pau, Cinco Bocas e Cidade Alta. A causa do confronto desta terça, segundo investigações, seria uma disputa pelo controle do tráfico de drogas em Vigário Geral.

Assustados, muitos moradores passaram a madrugada enviando mensagens em grupos de WhatsApp para avisar sobre o confronto. O aviso era direcionado especialmente a motoristas de aplicativo e entregadores, para que eles não circulassem pela região.

Uma das mensagens encaminhadas em grupos trata o confronto como guerra, pede que motoristas evitem passar por Vigário e que familiares desses motoristas comuniquem a eles sobre o tiroteio.

Outra mensagem encaminhada era um mapa destacando as ruas em que os supostos traficantes estavam.

Em outubro, três pessoas morreram e outras três ficaram feridas em confronto entre policiais militares e traficantes durante operação no Complexo de Israel. A ação bloqueou por cerca de duas horas a avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, e impactou a circulação de trens e linhas de ônibus.

Peixão passou a ser investigado por suposto crime de terrorismo após o caso. Para a polícia, ele teria ordenado que seus subordinados atirassem na população para tentar fugir de um cerco policial.

A reportagem não localizou defesa registrada no Tribunal de Justiça nos processos, que estão sob sigilo.

O traficante tem 131 registros de ocorrência em seu nome, além de condenações por homicídio e tráfico.

Peixão é autointitulado evangélico, segundo relatos de policiais e de moradores. Em Parada de Lucas, o traficante teria erguido espaços de luxo. Em um deles, há um grafite de dez metros de altura com a frase “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.

A mesma imagem tem uma representação da favela e, ao fundo, o Domo da Rocha, local sagrado em Jerusalém. Em primeiro plano, homens vestindo uniformes militares com a bandeira de Israel.

Peixão expulsou das favelas, que abrigam 134 mil moradores, pessoas com religiões diferentes da sua, como umbandistas.

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