Como a Folha de Boa Vista me fez uma jornalista em outro país? Conheça a história de Raísa Carvalho

A jornalista Raísa Carvalho e sua família (Foto: Arquivo Pessoal)

A jornalista Raísa Carvalho é roraimense e atua como repórter do caderno de cultura, saúde e variedades na Folha de Boa Vista desde 2012. Atualmente residindo em Braga, em Portugal, a profissional mantém sua contribuição diária enquanto correspondente por meio da internet, trabalhando em home office e ao lado do esposo português José Nadir e da filha de nove meses, Raquel. 

Na celebração dos 41 anos do Grupo Folha de Comunicação, a equipe decide contar também algumas histórias de jornalistas que passaram e ou que ainda estão na redação do jornal e que, de alguma maneira, tiveram suas vidas mudadas por esse encontro profissional. 

Para Isah Carvalho, como também é conhecida, o jornal Folha de Boa Vista lhe deu a chance de realizar seus sonhos e ser uma jornalista em outro país. Sua história na instituição começou enquanto ainda era uma estudante de jornalismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Na época, a então acadêmica criou o blog ‘Run To The News’ para escrever sobre música, arte e cultura. “Não tinha muitos leitores na época, mas foi o suficiente para chamar a atenção da editora-chefe do Caderno B da Folha, a jornalista Cyneida Correia. Ela precisava de alguém que tivesse um perfil dinâmico e estivesse disposta a aprender. A entrevista na época, há mais de 10 anos, foi com a família Cruz que viu ali a oportunidade de me transformar em uma verdadeira repórter”, destacou Isah.

Isah passou a assinar as matérias de variedades e culturas do Caderno B, sendo orientada por Cyneida, e tendo a liberdade para criar diversas matérias jornalísticas falando sobre quem fazia a diferença em Roraima. De artistas de bairro a elite, em todos os municípios de Roraima, promotores de cultura que lutavam por um espaço e iam se destacando ao longo do tempo. Esse trabalho acabou aproximando Isah dos agentes culturais do Estado, que sempre a procuravam para divulgar seus eventos e trabalhos. 

“Acompanhando a cultura do nosso Estado pude observar a evolução de artistas e fazedores de cultura. A evolução do audiovisual de Roraima, que de inicio era tímido e com pouco apoio, e hoje se vê o cinema independente em Roraima ganhando premiações mundiais. Entre os entrevistados destaco o cineasta Alex Pizano, que é admirado por onde passa e trouxe para Roraima prêmios de cinema e fotografia internacionais”, ressaltou.

Alguns anos depois, com a saída de Cyneida para assumir a editoria de política do jornal, Isah recebeu o convite para ser editora-chefe do Caderno B. Dentro da redação da FolhaBV, Isah explica que conseguiu ter contato com diversas formas de produzir jornalismo, seja por texto no jornal impresso, no jornal online, na rádio Folha 100.3, entrevistas para a TV Folha e produção de conteúdo para as redes sociais, o que contribuiu para sua formação no mercado de trabalho. 

“Do Youtube às redes sociais, rádio, edição, escrita. Quando você é repórter da Folha, você é dinâmico e tem que estar disposto a entender a comunicação como um todo. Isso foi uma formação não apenas como jornalista, mas como um ser humano que busca sempre superar desafios e buscar novos caminhos”, completou.

Raísa Carvalho enquanto trabalhava em Roraima (Foto: Arquivo Pessoal)

Neste processo de constante aprendizado, surgiu a vontade de alçar novos voos. A jornalista decidiu migrar para Portugal e antes de pisar o pé em outro país, seus chefes já sabiam da sua decisão. 

“Foi quando a vontade de conhecer o novo e imigrar surgiu. E o apoio para chegar lá? Veio novamente”, explica Isah. “Eu lembro de sentar na sala da Paula Cruz, falar do meu sonho e ela falar “Vai!”, “Se não der certo, volta, que seu emprego vai estar aqui” e tudo mais”, completou.

Isah explica que o jornal Folha de Boa Vista lhe deu a oportunidade de continuar contribuindo, escrevendo e contando histórias, mesmo estando distante. Hoje em dia ela produz seu material para o jornal Folha de Boa Vista em formato home-office, mesmo com a diferença de fuso horário de quase cinco horas de diferença. 

“O contato com os artistas e fazedores de cultura foi criado. Temos um nome e assim pude perceber que o nome ‘Folha de Boa Vista’ existe em qualquer lugar do mundo. E continuará me abrindo portas. Hoje conto as histórias que a Folha de Boa Vista me proporcionou aos meus amigos portugueses, momentos únicos no trabalho, entrevistas inesquecíveis. Saudades da redação dinâmica, eu sinto todos os dias, mas essa sensação me acompanha até mesmo nesse novo momento”, completou.

A jornalista avalia que, estando longe, percebeu ainda mais que Roraima respira cultura. “São artistas de renome e qualidade mundiais. Todos os dias eu tenho a oportunidade de contar histórias de pessoas de Roraima, do Brasil e também do mundo. Cada dia distante, eu sinto saudade do meu Estado que logo visitarei novamente”, pontuou.

Além disso, a jornalista também conseguiu um emprego na área de telecomunicações em Portugal. Essa oportunidade, segundo Isah, também se deve à sua bagagem adquirida no jornal. “A Folha me preparou para o mercado de trabalho de uma forma que consegui me destacar com um emprego aqui em Portugal. A maioria dos imigrantes vai para a área de sub emprego, mas já consegui me manter em um emprego de telecomunicações. Isso com certeza se deve ao currículo que tenho e saber me comunicar bem”, acrescentou.

Seu novo sonho, segundo Isah, é visitar Roraima e trazer seu companheiro e sua filha para conhecer seus amigos e rever a família. “Hoje, aqui em Portugal é o país que constitui família, casei com um lusitano e aqui nasceu a minha pequena portuguesinha Raquel. Meu atual sonho agora é voltar para batizar minha filha no Rio Branco e levar meu companheiro para conhecer a minha história. Uma das primeiras coisas que vou fazer é ir atrás do Seu Getúlio e da Dona Nazaré, ir no sítio, levar meu companheiro e minha filha pra ir almoçar lá”, acrescentou aos risos.

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