Lula faz reunião com cobranças a Fávaro e Teixeira para baratear alimentos

RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne na manhã desta sexta-feira (24) com ministros para ouvir as propostas para um pacote de medidas para baratear os alimentos.

Devem participar do encontro no Palácio do Planalto os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Esses dois últimos foram duramente cobrados por Lula em reunião ministerial na segunda-feira (20) para apresentarem medidas relacionadas aos alimentos. A situação de Fávaro ainda se mostra mais delicada, pois sua pasta é alvo de cobiça de outros partidos, em meio à expectativa pela reforma ministerial

Com exceção de Haddad, os outros ministros já haviam se reunido na Casa Civil no dia anterior, para fechar o pacote que seria apresentado a Lula. A Fazenda foi representada pelo secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.

A inflação dos alimentos se tornou um ponto de desgaste para o governo Lula nos últimos meses.

A primeira semana com foco nessa questão, no entanto, acabou marcada por ruídos com o mercado e também por críticas ao governo nas redes sociais. O primeiro ruído aconteceu quando o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que o governo vai buscar um “conjunto de intervenções” para baratear o preço dos alimentos. Ele afirmou ainda que recebeu sugestões de associação de supermercados e que deve acatá-las, mas sem detalhar as medidas.

“No final do ano passado, [Lula] fez reunião com redes de supermercado e eles sugeriram algumas medidas. Vamos implementá-las agora no primeiro bimestre. A partir dessas reuniões, ouvindo produtores, buscar medidas que consigam reduzir preço dos alimentos”, disse.

A palavra “intervenção” costuma ser associada a medidas como tabelamento e controle de preços, por isso houve reação do mercado. O governo então passou a agir para reverter desgastes e cobrou integrantes da Esplanada para que não vazem medidas, sem terem sido aprovadas.

Rui Costa então concedeu entrevista para esclarecer e sugeriu a todos trocar a palavra “intervenção” por “medidas” para evitar ruídos de comunicação.

Além da entrevista, o ministro também usou as redes sociais para corrigir a sua fala da manhã: “Reafirmo: não haverá intervenções do governo, mas a adoção de MEDIDAS para baratear os alimentos que estão na mesa do povo brasileiro”, escreveu.

Ministros passaram a repetir publicamente que não haveria qualquer tipo de intervenção. Nos bastidores, o Planalto também passou a divulgar que não haveria pirotecnia, descartando medidas como importação de alimentos, entre outras.

O reforço se deu também após integrantes do governo afirmarem nos bastidores que, entre medidas propostas pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados), estavam analisando a mudança na regra da data de validade dos alimentos. A proposta prevê a adoção do modelo chamado “best before” (consumir preferencialmente antes de). Nele, o produto pode perder frescor ou nutrientes após certa data, mas pode ainda ser seguro para uso. O modelo usado no Brasil considera a data de validade.

Dentro desse período, o produto é considerado seguro para consumo.

Rui e outros ministros passaram a negar publicamente que a medida estava em análise.

Também pegaram mal no Palácio do Planalto os rumores de que algumas pastas estavam pensando em criar uma rede de abastecimento popular de alimentos, proposta que passou a ser negada com veemência por interlocutores palacianos.

Nesta sexta-feira (24), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) desacelerou a 0,11% em janeiro, mas ainda revela pressão dos preços de alimentos. A variação veio após avanço de 0,34% em dezembro.

Apesar da trégua, o índice de janeiro ficou acima da mediana das projeções do mercado financeiro.

Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam leve deflação (queda) de 0,02%.

O intervalo das previsões ia de recuo de 0,10% a avanço de 0,50%. Havia perspectiva de deflação devido ao alívio pontual nas contas de luz com o desconto do bônus de Itaipu em janeiro.

Com o novo resultado, o IPCA-15 passou a acumular inflação (alta) de 4,50% em 12 meses. Nesse recorte, o índice registrava avanço de 4,71% até dezembro.

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