Kremlin minimiza ameaça de Trump a Putin sobre Ucrânia

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IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O Kremlin minimizou nesta quinta-feira (23) a ameaça feita por Donald Trump de criar novas sanções e tarifas se Vladimir Putin não negociar um acordo para pôr fim à Guerra da Ucrânia, iniciada pelo russo há quase três anos.

“Nós não vemos nenhum elemento particularmente novo aqui. Ele gosta desses métodos, ao menos gostava dele durante seu primeiro mandato”, disse o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov. Trump voltou segunda-feira (20) à Presidência dos EUA, que ocupou antes de 2017 a 2021.

Na quarta-feira (22), ele havia mudado o tom até aqui mais favorável aos russos no embate com os ucranianos, com uma postagem na rede Truth Social na qual se dirigia diretamente a Putin. “PARE essa guerra estúpida”, escreveu, com maiúsculas.

“SÓ VAI FICAR PIOR. Se nós não fizermos um acordo, e rápido, eu não terei outra escolha senão colocar altos níveis de taxas, tarifas e sanções em qualquer coisa que seja vendida pela Rússia aos Estados Unidos e vários outros países participantes”, completou.

Peskov lembrou que, durante seu mandato, Trump aplicou diversas sanções contra a Rússia, mas manteve o tom conciliador adotado por Putin desde que o republicano derrotou a rival democrata Kamala Harris em novembro.

“Nós anotamos com cuidado todas as nuances [das falas de Trump]. Nós nos mantemos prontos para o diálogo. O presidente Putin fala repetidamente sobre isso, por diálogo igual, por diálogo mutuamente respeitoso”.

A ameaça de Trump se estendia a outros países não nomeados. Em relação à Rússia em si, há pouco que o americano possa fazer mais do que o já duro arcabouço de sanções aplicados ao país devido à guerra.

O comércio com Moscou é apenas residual, na casa de US$ 3,2 bilhões anuais em 2024.

Mas outras relações comerciais podem ser afetadas, embora haja meios de circum-navegar restrições. Os bancos chineses, por exemplo, passaram alguns meses do ano passado com dificuldades de financiar exportações para a Rússia por temor de novas sanções secundárias adotas pelos EUA.

Ao fim, o ano acabou com o maior comércio bilateral da história sino-russa, ainda que o ritmo de crescimento da relação tenha desacelerado. Já outros países, como o Brasil, podem teoricamente ser afetados, mas o fato é que tudo indica que Trump estava apenas usando bravatas para pressionar Putin.

Em solo, a guerra continua. A Rússia anunciou mais uma conquista territorial no leste ucraniano, mantendo o avanço para tomar o máximo de área antes de eventuais negociações. Em Zaporíjia, no sul, um ataque com mísseis e drones atingiu prédios residenciais, matando 3 pessoas e ferindo mais de 50.

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