De mecânico de avião a comandante, piloto usa própria história como exemplo: ‘Sou a prova viva de que não é impossível’


Luiz Eduardo Lucas mudou de carreira, entrou na Azul com 41 anos e agora, aos 48, foi promovido a comandante. História é destaque nesta quarta (23), quando é celebrado o Dia do Aviador. De mecânico de avião a comandante aos 48 anos, piloto usa própria história como exemplo
“Sou a prova viva de que não é impossível”. A frase é de Luiz Eduardo Lucas que, após trocar a carreira consolidada de mecânico de aviões pela de piloto, foi promovido a comandante na Azul Linhas Aéreas aos 48 anos.
Nascido na periferia de São Paulo, o agora comandante Luiz, morador de Indaiatuba (SP) e pai de dois filhos, uma jovem de 18 anos e um garoto de 5, torce para que seu exemplo de perseverança inspire outras pessoas Brasil afora.
“Não importa tua origem, continue estudando, continue se qualificando e esteja preparado, porque a oportunidade vai aparecer. Ainda que seja um pouquinho mais maduro, como foi no meu caso, mas vai aparecer. Seja novinho ou maduro, você vai desfrutar do progresso e do objetivo alcançado do mesmo jeito”, disse.
E a história de um homem que sonhou alto e literalmente chegou às nuvens é destaque nesta quarta-feira (23), quando é comemorado o Dia do Aviador, data que celebra o primeiro voo do 14 Bis, realizado em 1906 por Santos Dumont, em Paris.
Luiz Eduardo Lucas conseguiu a primeira oportunidade como piloto em 2017, já na Azul, companhia no qual foi promvido comandante em 2024
Arquivo pessoal
Curiosidade do destino ✈
Luiz lembra que os primeiros contatos com aviões foram visuais, quando passava ao lado do Aeroporto de Congonhas, na capital, e observava aeronaves paradas no hangar da Vasp.
Apesar de reconhecer que o avião causa fascínio nas pessoas, em especial nas crianças, ele garante que não teve um encantamento na época.
“Achava que poderia ser jogador de futebol, mas mais tarde descobri que não tinha talento”, contou.
Quando adolescente, entrou no Senai e por conta da formação técnica, acabou ingressando na Vasp em 1998 com ajuda do marido de uma amiga de infância.
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“Havia um interesse da companhia à época por meninos com formação técnica. Esse amigo levou meu currículo, passei por testes e consegui entrar. Aí começou minha história na aviação”, detalhou.
Luiz investiu na área que havia ingressado, e fez cursos de formação específica de mecânicos de aeronaves, progredindo na carreira e atuando em outras empresas do setor.
Dedicado, procurou evoluir também no inglês, principalmente por que boa parte da literatura do setor aéreo está no idioma, e adquiriu licença internacional, o que possibilitou trabalhar em uma empresa norte-americana.
Hoje comandante da Azul, Luiz Eduardo Lucas (à esquerda) começou a carreira como mecânico de aviões, profissão que exerceu por mais de uma década
Arquivo pessoal
Ele conta que nesse período, começou a dar aulas em um curso de formação de mecânico e despachante de voo em uma escola em Campinas (SP). E foi lá que um colega o indicou para dar treinamentos para pilotos em uma companhia aérea na cidade.
“Eu passei a ministrar treinamentos no modo freelancer, e tive contato com pilotos. O treinamento em si era mostrar a parte técnica das aeronaves para os pilotos. E esse caras me deram um empurrão motivacional, dizendo que meu conhecimento técnico seria muito útil no voo.”
De mecânico a piloto 👨🏼‍🔧👨🏼‍✈️
Com a semente plantada, decidiu iniciar as aulas de pilotagem e cursos teóricos em 2011, e teve que aprender algo totalmente novo, depois de mais de uma década atuando na manutenção.
“Eu tive de aprender essa parte que não conhecia, mas, de fato, o conhecimento como mecâico foi útil. Aliás, é muito útil até hoje, sem dúvidas. E será em toda minha carreira como piloto”, destacou.
Luiz completou todos os processos para se tornar piloto em 2015, mas a oportunidade não surgiu logo de cara. E conta que acabou focando o treinamento de olho em entrar na Azul, que tinha como base o Aeroporto de Viracopos, em Campinas.
“Não foi logo de cara, logo após a minha formação, mas eu continuei trabalhando como mecânico em uma empresa americana. E aí, em 2016, eu sou convidado para participar de um processo seletivo na Azul, empresa para a qual eu estava focando o meu desenvolvimento. Fui aprovado, e em 2017 eu ingresso como piloto.”
Do Brasil para o mundo
O piloto entrou na companhia e começou a voar com o modelo ATR 72-600, em rotas que ligavam cidades do interior de São Paulo e do Paraná com capitais brasileiras.
“Eu amo ele [ATR] de paixão. Sempre que posso, faço um carinho nele. É uma aeronave maravilhosa, que me ensinou muito”, afirmou.
Dentro da Azul, Luiz começou a progredir e passou a trabalhar nos modelos A320 e A321 da Airbus, em operações entre capitais e grandes cidades, por conta da capacidade da aeronave.
E chegou ao A330, o maior da companhia atualmente, que realiza as rotas internacionais para localidades na Europa e Estados Unidos.
“Gostei muito quando eu operei pela primeira vez a rota Campinas-Lisboa. E pela primeira vez eu cruzei o Atlântico trabalhando. Foi um momento bem bacana, muito especial, sobretudo passando ali próximo da África, sobre as Ilhas Canárias, foi uma experiência bacana”, recorda.
Luiz Eduardo Lucas fez a transição de mecânico de aviões para piloto, e agora, aos 48 anos, foi promovido a comandante na Azul
Arquivo pessoal
Agora, comandante!
Nesse processo de progressão da carreira dentro da companhia, Luiz Eduardo participou de um processo seletivo neste ano, e foi promovido a comandante na Azul.
No novo posto, assumiu outra aeronave, um modelo Embraer, e tem operado na aviação doméstica.
O comandante diz que tem desfrutado da promoção, mas avisa que segue estudando, visando novas qualificações, e almeja voar em outros equipamentos e “voltar, quem sabe um dia, às rotas internacionais”.
“Seria um trajeto bem bacana de continuação da carreira. Basicamente, é isso que eu vejo para mim, continuar estudando, continuar trabalhando nos equipamentos onde a empresa precisar que eu vá, e ter sucesso aqui dentro”.
Filhos a bordo
Como piloto e comandante, Luiz já teve a oportunidade de transportar milhares de passageiros, e diz que a sensação é gratificante.
“Eu gosto muito da ideia de quando estou voando, estou levando gente para abraçar ou beijar alguém lá no destino. E eu acho essa sensação bem bacana”.
Mas ainda há uma “clientela” que ele sonha em transportar como piloto: a família. E torce para que seja em breve.
“Acho que vai ser um momento especial tanto para mim e para eles. Ainda não prometi para eles, porque quando eu prometo, as crianças não esquecem, então eu estou tentando aqui ajustar e encontrar uma maneira de levar eles comigo”, avisa.
Luiz Eduardo Lucas e a família na cabine de uma aeronave: mecânico de aeronaves, ele passou a pilotar aos 41 anos e foi promovido a comandante aos 48 anos
Arquivo pessoal
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