Fim de voos para Boa Vista e uma fusão à vista que pode penalizar ainda mais o roraimense

Não bastasse o roraimense pagar um preço alto por morar em um Estado penalizado pelo isolamento geográfico e pela falta de infraestrutura, a população foi pega de surpresa com o fim dos voos da empresa Azul, que ontem confirmou a retirada de voos de Belém (PA) e Campinas (SP) para Boa Vista, mantendo somente o de Manaus (AM). Quem acessa o aplicativo da empresa pode confirmar que 10 de março será a última data com oferta desses voos.   

Sendo o segundo menos densamente povoado, perdendo apenas para o Amazonas, e com uma única ligação rodoviária pela BR-174, que se conecta a Manaus, a capital amazonense, o Estado de Roraima ainda vive a angústia e os prejuízos de não ter uma matriz energética confiável, com os políticos nunca tendo realmente se interessado em solucionar a questão energética desde a criação do Estado, em 1988.

As notícias ruins não se resumem à retirada de voos pela Azul. Começaram a circular informações sobre a decisão da Azul e da dona da Gol, o grupo Abra, para uma futura fusão, o que irá formalizar a união dos negócios para criar uma gigante da aviação brasileira. Os especialistas alertam que a concentração de mercado pode afetar os preços das passagens e a oferta de voos.

Traduzindo, dependendo do que for regulado nessa fusão, os preços das passagens aéreas poderão subir, o que pode significar para a população roraimense mais um grande golpe para quem já padece por altos preços e reduzidas opções de voos para sair de Roraima, afetando também o turismo emissivo e receptivo.

Se a Azul retirou voos de Boa Vista alegando aumento de custos operacionais e baixa demanda, reacomodando clientes em conexões via Manaus, essa fusão pode significar não apenas passagens que podem ficar mais caras, mas também o fim de rotas menos rentáveis, como a de Boa Vista, já que a tendência é investir em rotas mais rentáveis, atendendo menos consumidores, conforme analisam os especialistas.

Embora ainda haja muitos entendimentos e tratativas pela frente, com a aprovação ou não do órgão regulador antitruste, autoridades já dão como certo o fim da Gol. Inclusive o secretário de Turismo do Estado de Ceará, Eduardo Bismarck, afirmou em seu Instagram que a marca da Gol irá sumir em 2026 por causa dessa fusão.  Ou seja, o roraimense precisa se preparar para o pior, já que as autoridades e políticos locais não estão preocupadas com isso. Todos em silêncio…

*Colunista

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