Senado pressiona escolhida de Trump para a Justiça a declarar independência

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JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)

Escolhida para um dos cargos-chave do governo Donald Trump, a advogada Pam Bondi, aliada de primeira hora do republicano, foi pressionada a dizer que adotará independência à frente do Departamento de Justiça durante sabatina de confirmação no Senado, nesta quarta-feira (15).

A sessão começou ao meio-dia e ainda continuava até o meio da tarde.

Em comparação com o Brasil, o órgão acumula funções que ora se assemelham ao Ministério Público Federal, ora à Advocacia-Geral da União. A pasta também tem sob seu guarda-chuva o FBI.

Bondi foi indicada após a primeira escolha de Trump, o ex-deputado Matt Gaetz, ser obrigado a desistir porque seria rejeitado pelo Congresso devido a acusações de má conduta sexual.

A advogada foi alvo de questões duras por parte dos democratas nesta quarta (15) devido à sua proximidade com Trump. Senadores perguntaram se ela encerraria uma investigação caso a Casa Branca pedisse. Em resposta, ela afirmou que não via essa chance.

Em alguns momentos, Bondi fugiu de perguntas incisivas. Houve questionamentos sobre se ela cumpriria o que já disse no passado a respeito de processar pessoas que investigaram Trump, o que ela evitou responder. Apesar disso, a advogada disse que iria “restaurar a integridade” do Departamento de Justiça.

“Este departamento tem sido aparelhado por anos e anos e anos, e isso tem que parar.”

No passado, Bondi prometeu retaliação aos promotores que o acusaram de tentar impedir a posse de Joe Biden. “Quando os republicanos tomarem a Casa Branca, sabe o que vai acontecer? No Departamento de Justiça, os promotores serão processados -os maus-, os investigadores serão investigados”, afirmou a advogada em entrevista à Fox News no ano passado.

Bondi endossou as acusações de fraude nas eleições de 2020 vociferadas por Trump. A recusa em assumir a derrota de Trump foi explorada na sabatina desta quarta pela senadora Mazie Hirono, do Havaí, que disse ser angustiante o fato de que Bondi não consegue admitir que Biden saiu vitorioso daquele pleito.

Em outra sala próxima à de Bondi, o senador Marco Rubio, indicado para o Departamento de Estado, também era sabatinado, e a sessão transcorria em clima ameno. Os parlamentares têm respeito por Rubio, que foi senador por quase 15 anos, e sua nomeação é dada como certa.

Filho de imigrantes cubanos, o aliado de Trump reforçou um dos mantras do presidente eleito, de que os Estados Unidos devem vir em primeiro lugar. Ao mesmo tempo, demonstrou apoio à existência da Otan, a aliança militar ocidental liderada por Washington.

O senador tratou de temas ligados à América Latina, disse que haverá cooperação com o México, por exemplo, mas não mencionou o Brasil.

Em relação à Cuba, comentou que o futuro governo não concorda com o abrandamento das sanções ao país -Biden enviou projeto ao Congresso para tirar Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo-, indicando que Trump retomará uma gestão linha-dura.

Rubio foi questionado a respeito da promessa do presidente eleito de encerrar em um dia a guerra entre Ucrânia e Rússia, o que ele tem dito sem dar detalhes. O indicado para o Departamento de Estado não explicou planos de Trump, mas afirmou que o “conflito precisa acabar”.

“Concessões terão que ser feitas”, disse, tanto em relação à Rússia como à Ucrânia.

Rubio foi indicado para o Departamento de Estado, o que pode torná-lo o chefe da diplomacia americana. Caberá a ele tocar e definir a política externa do governo Trump. Cubano-americano, ele focou nos últimos anos políticas para a América Latina e tem adotado um discurso linha-dura em relação a países geridos por regimes de esquerda, como Cuba e Venezuela.

Ainda nesta quarta, ocorrem outras duas sabatinas: John Ratcliffe, CIA, Chris Wright, Departamento de Energia, Kristi Noem, Departamento de Segurança Interna e Sean Duffy, Departamento de Transportes.

As sabatinas são o primeiro passo para aprovação desses indicados de Trump. Os senadores votam no colegiado e dão um parecer favorável ou não à nomeação. Depois, os indicados são confirmados por maioria simples dos cem senadores no plenário da Casa. Eles só são efetivados no cargo, porém, após Trump assumir a Casa Branca.

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