Produção de feijão no DF pode chegar a 41 mil toneladas na atual temporada

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A atual temporada do ano agrícola pode registrar a produção de 41 mil toneladas de feijão no Distrito Federal, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O grão está entre os itens mais produzidos na região, ficando atrás apenas da soja e do milho.

O ano agrícola corresponde ao período entre setembro de um ano e outubro do ano seguinte. A projeção da Conab refere-se à safra 2024/2025. O Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF), o Jardim Botânico e os núcleos rurais Rio Preto, Tabatinga e Taquara foram as regiões que registraram, em 2023, os maiores índices de produção de feijão.

“A área leste do Distrito Federal, principalmente em regiões bem definidas (áreas rurais de Planaltina, Paranoá e São Sebastião), apresenta características culturais, tradicionais e fundiárias relacionadas ao plantio de grãos. Essas características foram trazidas pelos beneficiários do Programa de Assentamento do Distrito Federal (PAD-DF) e pelo tamanho das propriedades, que permitem um plantio de feijão em maior escala. Já nas pequenas áreas de outras localidades, o plantio é basicamente de subsistência ou familiar”, explicou Adriana Nascimento, engenheira-agrônoma, extensionista rural da Emater-DF e responsável pelo programa de Grandes Culturas da empresa.

A projeção para a temporada 2024/2025 é otimista, indicando um aumento de 15% na produção de feijão em uma área superior a 14 mil hectares. A safra anterior registrou a produção de 35 mil toneladas do produto.

Apesar disso, o valor do feijão pode oscilar devido às condições climáticas. “A escassez de chuvas e sua irregularidade impactam o desenvolvimento das lavouras, resultando em grande variação no potencial produtivo, especialmente em áreas de sequeiro. Isso reflete diretamente no consumidor, com o aumento dos preços nos mercados”, destacou Adriana.

No Distrito Federal, o plantio do feijão já foi concluído, e a cultura encontra-se em desenvolvimento vegetativo, favorecida pelas condições climáticas. Além disso, a semeadura ocorreu dentro do calendário previsto, e a área cultivada foi ampliada em relação à safra passada, especialmente devido aos preços mais atrativos, conforme o relatório da Conab para a atual temporada de produção do feijão.

Produtores comemoram alta

De acordo com o Portal de Informações Agropecuárias da Conab, há no Distrito Federal 347 produtores rurais e 4 agricultores familiares. Gabriel Triacca, agrônomo responsável por uma fazenda que cultiva diferentes culturas, planta feijão carioca em uma área de 43 hectares no PAD-DF. Otimista com as projeções, Gabriel produziu 45 sacas por hectare na safra anterior (2023/2024).

O aumento de 15% na produção de feijão é um alívio em tempos de agravamento da seca causada pela crise climática. “Este ano, entre o fim de novembro e o início de dezembro, tivemos uma estiagem de 15 dias. Isso prejudicou, sim. O feijão abortou mais flores do que normalmente, mas ainda tenho boas expectativas para esta safra de verão”, comentou Gabriel.

Em seus 173 hectares disponíveis para a produção de cereais, Gabriel adota práticas sustentáveis para o manejo do solo. “O comum é plantar soja ou feijão e, sobre a área colhida, fazer uma segunda safra. Após a soja de ciclo médio (115 dias ou mais), o produtor pode optar por sorgo ou trigo de baixo investimento, já que plantar milho nesse período é muito arriscado”, explicou.

Outra prática sustentável adotada pelos produtores é o uso de plantas de cobertura, como milheto, braquiária, crotalária ou um mix dessas culturas, para evitar deixar o solo exposto. Essa prática, chamada de ‘manejo conservacionista’, traz benefícios como a prevenção da erosão, o aumento da matéria orgânica e a melhoria da fertilidade do solo.

Há 25 anos produzindo feijão carioca, Alan Cenci colhe cerca de 40 mil sacos a cada temporada. Apesar de otimista com as estimativas da Conab, ele ressalta que o clima e os custos de produção são desafiadores. “O preço do feijão não está condizente com os custos que temos. O feijão é uma cultura de risco, e qualquer desequilíbrio climático pode afetar a produção. Hoje, precisamos de 40 a 45 sacas por hectare para cobrir os custos, o que nem sempre é alcançado”, explicou.

Feijão na mesa

O crescimento na produção de feijão é uma boa notícia também para o consumidor. No Brasil, o grão é um dos alimentos mais consumidos, ficando atrás apenas do café (1º) e do arroz (2º). O consumo diário médio no país é de 142,2 gramas por pessoa, segundo a Análise de Consumo Pessoal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Estadão conteúdo

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