‘Plano de saúde do Crime’: chefes da facção faziam até cirurgia na prisão

São Paulo, 14 – Integrantes da cúpula do PCC receberam atendimentos médicos e odontológicos privados dentro de presídios de São Paulo, inclusive para fazer procedimentos estéticos. A descoberta foi feita pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de São Paulo na investigação da Operação Scream Fake.

Médicos e dentistas teriam sido contratados para consultas particulares e exclusivas de detentos faccionados e custodiados na Penitenciária II de Presidente Venceslau e no Centro de Readaptação Penitenciária, em Presidente Bernardes, unidade em que vigora o Regime Disciplinar Diferenciado, mais rígido.

As consultas beneficiariam chefões do PCC, numa espécie de “plano de saúde do crime” – um plano “bastante seletivo”, segundo a polícia e o MP, que daria direito a procedimentos como intervenções estéticas, como clareamento dental e botox, e até cirúrgicas.

Os profissionais seriam pagos com recursos do caixa da facção. A investigação apontou que eles recebiam valores “majorados e expressivos”, acima do mercado, repassados por depósitos não identificados e transferências bancárias de contas registradas em nome de terceiros ou de advogados ligados ao PCC. Os profissionais de saúde, porém, não estariam diretamente envolvidos com a facção. “Não digo que os médicos e dentistas foram cooptados, porque estão prestando um serviço e são remunerados por isso”, disse o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP. Segundo ele, se houver indícios de que houve envolvimento direto, os profissionais também serão implicados no inquérito.

Atendimentos

Os investigadores afirmam que, muitas vezes, os atendimentos ocorriam sem que o preso soubesse os valores ou a forma de pagamento. Para a Polícia Civil e o MP, a dinâmica comprova que os atendimentos são coordenados e executados pela facção em benefício de integrantes qualificados, em funções de destaque na organização.

Entre os já beneficiados nesses tratamentos estão nomes como Paulo César Souza Nascimento Júnior, o Paulinho Neblina; Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho; e Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, morto em 2018. Marcola, líder máximo da facção, também figura na lista de contemplados.

Estadão Conteúdo

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