Dinamarca prega parceria com EUA, mas não abre mão da Groenlândia

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Copenhague, 08 – O chanceler da Dinamarca, Lars Rasmussen, disse ontem que seu país está aberto à cooperação com os EUA para salvaguardar seus interesses no Ártico, mas que não abre mão da soberania da Groenlândia. A declaração foi uma resposta ao futuro presidente americano, Donald Trump, que na terça-feira não descartou o uso da força para tomar o território autônomo dinamarquês.

“Estamos abertos a um diálogo com os EUA sobre como podemos cooperar, possivelmente de forma ainda mais estreita do que já fazemos, para garantir que as ambições americanas sejam cumpridas”, disse o chanceler. “Eu tento lidar com as realidades e acho que todos nós deveríamos fazer um favor a nós mesmos, diminuindo um pouco nosso ritmo cardíaco.”

Desde que foi eleito, Trump tem repetido que controlar a ilha é uma questão de segurança nacional. Durante seu primeiro mandato, ele expressou várias vezes sua intenção de comprar a Groenlândia, referindo-se a ela como “um grande negócio imobiliário”. Em 2019, ele cancelou uma visita à Dinamarca depois que o país se negou a discutir a venda.

Na terça-feira, seu filho, Donald Trump Jr., desembarcou na Groenlândia com o jato do pai levando uma comitiva de aliados. Ele garantiu que estava na ilha como turista e não falaria com nenhuma autoridade local, mas causou desconforto no governo dinamarquês.

Alerta

Ontem, as duas maiores economias da Europa, França e Alemanha, advertiram Trump contra a alteração de fronteiras com base no uso da força. “Está fora de cogitação para a União Europeia permitir que outros países ataquem suas fronteiras soberanas” disse o chanceler francês, Jean-Noël Barrot. “Se me perguntarem se os EUA vão invadir a Groenlândia, a resposta é não. Entramos em uma era do retorno da lei do mais forte. Devemos nos sentir intimidados? Não.”

Em Berlim, o chanceler alemão, Olaf Scholz, fez um rápido pronunciamento na TV e disse que as declarações de Trump provocaram “incompreensão” na UE. “O princípio da inviolabilidade das fronteiras se aplica a todos os países e todos devem respeitá-lo.”

Segundo Scholz, a sensação na UE é de incredulidade. “Nas minhas conversas com nossos parceiros europeus, tem havido uma notável falta de compreensão sobre as declarações dos EUA sobre o princípio da inviolabilidade das fronteiras”, disse o chanceler alemão, sem citar Trump diretamente.

A UE tentou ontem jogar panos quentes nas declarações de Trump sobre uma possível ação militar para tomar a Groenlândia. “Esta é uma questão altamente hipotética e por isso não queremos insistir nela”, disse Paula Pinho, porta-voz da Comissão Europeia, o braço executivo do bloco.

Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, que está deixando o cargo, também rejeitou a ameaça de Trump e garantiu que não haverá intervenção militar americana. “A ideia expressa sobre a Groenlândia não é boa, mas talvez mais importante é que isso, obviamente, nunca vai acontecer”, afirmou Blinken, em entrevista coletiva em Paris.

México

O governo mexicano também se manifestou ontem sobre a ideia de Trump de rebatizar o Golfo do México de “Golfo da América”. A presidente do país, Claudia Sheinbaum, no entanto, preferiu usar a ironia para rebater o americano. “Obviamente, o nome do Golfo do México é reconhecido pela ONU. Por que não chamamos os EUA [OS EUA]de ‘América Mexicana’? Parece bom, não?” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Estadão Conteúdo

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