Operação contra suspeitos da morte de ex-presidente da Portela mira dupla ligada a Rogério de Andrade

BRUNA FANTTI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A Promotoria do Rio de Janeiro faz nesta quarta-feira (18) uma operação contra um policial militar e o presidente da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, investigados na morte do ex-presidente da Portela e candidato a vereador Marcos Falcon, em 2016.

A operação é comandada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público fluminense, com apoio da CSI (Coordenadoria de Segurança e Inteligência). Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Capital e são cumpridos em endereços na Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Madureira.

Os alvos são Flávio da Silva Santos, o Flávio da Mocidade, presidente da agremiação, e o policial militar Fábio da Silva Cavalcanti, do 18° BPM (Jacarepaguá). Flávio foi preso em outubro, na mesma operação que prendeu o contraventor Rogério de Andrade, patrono da Mocidade. O presidente e o policial são ligados a Rogério, segundo as investigações.

As defesas dos alvos da operação não foram encontradas até a publicação deste texto.

A investigação aponta que havia conflitos entre Falcon e Rogério de Andrade. A Promotoria enumera episódios como o assassinato de Geraldo Antônio Pereira, amigo próximo de Falcon e rival de Rogério, em 2016; a possibilidade de que Falcon e Geraldo planejaram matar Rogério; e a suspeita de que Falcon participara de um atentado a bomba que matou um dos filhos de Rogério, em 2010.

Falcon era presidente da Portela em setembro de 2016, quando foi morto. No ano seguinte, Portela e Mocidade dividiram o título do carnaval –a Portela vencera a Mocidade por um décimo, mas a escola de Padre Miguel entrou com recurso por conta de um equívoco de um julgador e o campeonato foi dividido.

Falcon, candidato a vereador pelo PP, foi assassinado dentro de seu comitê de campanha, em Madureira. Dois homens encapuzados entraram no local e fizeram os disparos.

Segundo os promotores de Justiça, um dos alvos da operação desta quarta, braço direito de Rogério, tinha ao menos duas fotografias do corpo de Falcon, feitas logo após a morte. Uma outra imagem armazenada era de uma urna eletrônica que exibia o número de campanha e a foto de Falcon –ele morreu a uma semana da eleição.

A investigação também encontrou prints de mensagens suspeitas armazenadas pelo policial militar Anselmo Dionísio das Neves, o Peixinho, denunciado pelo Gaeco por fraude processual em 2023.

Anselmo teria retirado um dos celulares de Falcon do local do crime, interferindo na investigação, segundo promotores. O Gaeco também tem indícios do elo entre Peixinho e o PM Fábio da Silva.

Fábio é, segundo a Promotoria, um dos responsáveis por herdar os negócios deixados por Falcon após a morte, principalmente as atividades no Campo do Falcon, uma praça no bairro de Oswaldo Cruz, na zona norte, batizada com o nome do ex-presidente da Portela desde antes da morte.

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