Nesta sexta-feira (13), os palhaços brasilienses Xaubraubrau e Raquaquá — nomes de cena dos irmãos Ankomárcio e Ruiberdan Saúde — encerram a turnê comemorativa de 25 anos da trupe Circo Teatro Artetude. A última apresentação será na Feira do Parkway, na Vargem Bonita, com entrada gratuita e classificação livre. Antes disso, o projeto passou por outras duas regiões administrativas, promovendo espetáculos e oficinas formativas.
A bordo da “Lindinha”, um ônibus transformado em trio elétrico, o projeto Circolando Artetude celebra a trajetória dos artistas de rua com um espetáculo que combina acrobacias, música, mágica, piadas sobre a convivência entre irmãos e uma boa dose de reflexão sobre o próprio riso. Para Ankomárcio, revisitar essa história tem sido uma experiência marcante:
“Quando nos tornamos palhaços, há 25 anos, éramos bem mais jovens, com outro olhar sobre o mundo. Muita coisa mudou desde então — em nós e ao nosso redor. Do que ríamos antes? Do que rimos agora? E do que vamos rir no futuro? Procuramos o tipo de riso que aproxima, que celebra as diferenças, em vez de zombar delas”, afirma.
A turnê conta com participações especiais, como Maria Tavares, criadora da iniciativa As Desempregadas; Mestre Mandioca Frita, o palhaço mais antigo do DF; e Ayla Serena, artista com síndrome de Down. O espetáculo também presta homenagem ao eterno parceiro Pablo Ravi, o Espiga de Milho. Durante as apresentações, o público assiste ao documentário Cuidado! Palhaços, dirigido por Pablo Peixoto, que narra a história dos Irmãos Saúde.
Mais que uma celebração, o espetáculo levanta reflexões sobre o papel do humor na sociedade contemporânea. “O riso é libertador. Ele relaxa o corpo, alivia a alma. Hoje, buscamos um humor menos ofensivo, mais puro — como o sorriso de uma criança. Um riso que diverte, sem ferir”, comenta Ankomárcio.
O compromisso com a inclusão está presente em todos os detalhes. O projeto oferece acessibilidade com intérprete de Libras, audiodescrição, legendas e programas em braile. Segundo Ankomárcio, esse cuidado vem da vivência nas ruas:
“A rua é um circo de portas abertas. Passa todo tipo de gente por ali, de todas as classes sociais. Todas fazem parte do nosso respeitável público. Por isso, adaptamos o espetáculo com atenção ao espaço, à acessibilidade e ao diálogo com especialistas. O circo é para todo mundo — homem, mulher, menino. Só não vai quem não quer.”
Outro destaque são as oficinas formativas para professores da rede pública. As atividades abordam desde a criação de brinquedos populares até cuidados com a saúde mental dos educadores. “Queremos oferecer ferramentas para que os professores despertem o interesse das crianças por trabalhos manuais. E também cuidar de quem cuida, proporcionando momentos em que o professor possa brincar como uma criança. Brasília tem poucos teatros, mas a arte de rua, o circo e as escolas são grandes palcos para formar público”, destaca.
Sobre o legado, Ankomárcio é direto: “Queremos mostrar que é possível viver de arte — com organização, resiliência e trabalho diário. Já fomos patrocinados por programas federais, pelo FAC, participamos de festivais nacionais e internacionais, tudo com nossa arte. Viajamos o Brasil inteiro na Lindinha. O importante é esculpir o sonho aos poucos, como um escultor. Vai ter dia de glória e dia de luta, mas se for por amor, vale a pena.”
Programação completa:
SANTA MARIA
18/05 – 17h – Praça Central de Santa Maria (Teremos intérprete de libras e audiodescrição)
21/05 – 14h10 – Oficina Construção de Brinquedos Populares no CCEI Maria Mãe da Providência com mestre Mandioca Frita
29/05 – 10h30 – CCEI Maria Mãe Da Providência
VARGEM BONITA
23/05 – 10h30 – CED Vargem Bonita
26/05 – 8h45 – Oficina Musicalização Inclusiva na Creche da Mãe Preta com Ayla Serena
Feira da Vargem Bonita (Teremos intérprete de libras e audiodescrição)
GAMA
24/05 às 09:30 – Escola Classe 22
25/05 às 11h – Parque Infantil Leste (Teremos intérprete de libras e audiodescrição)
11/06 – 10h30 – Oficina Mulheres em Roda na Escola Classe 22 com Maria Tavares