A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Mounjaro para o tratamento da obesidade e do sobrepeso em pessoas sem diabetes. Desenvolvido pela farmacêutica americana Eli Lilly, o remédio injetável tem como princípio ativo a tirzepatida e passa a integrar o grupo das chamadas canetas emagrecedoras, ao lado de medicamentos como Ozempic, Wegovy (semaglutida) e Saxenda (liraglutida).
Desde 2023, o Mounjaro já era autorizado no Brasil para o tratamento do diabetes tipo 2. Com a nova decisão, ele poderá ser prescrito a pacientes com índice de massa corporal (IMC) superior a 30 kg/m² — considerado obesidade — ou acima de 27 kg/m², na faixa de sobrepeso, desde que haja comorbidades associadas, como hipertensão, dislipidemia ou apneia do sono.
A aprovação amplia o arsenal terapêutico no combate à obesidade, segundo especialistas, que destacam a ação da tirzepatida — componente que utiliza um duplo mecanismo hormonal (GLP-1 e GIP), enquanto as moléculas anteriores utilizam apenas o GLP-1.
Contudo, o preço do medicamento segue como uma das principais barreiras. A dose mensal do Mounjaro pode variar entre R$ 1.400 e R$ 2.300, de acordo com a dosagem. Outros medicamentos da mesma classe têm preços entre R$ 600 e R$ 1.000.
Segundo especialistas da área de saúde, o uso das canetas deve estar sempre associado a mudanças no estilo de vida, ou seja, acompanhado de uma alimentação adequada, além da prática de atividades físicas.
Outro ponto de atenção recai sobre os efeitos da tirzepatida em mulheres em idade fértil. Segundo alerta recente da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MRHA), o princípio ativo do Mounjaro pode reduzir a eficácia de contraceptivos orais, como a pílula, especialmente em mulheres com sobrepeso ou obesidade. O alerta foi publicado na quinta-feira (5) e está relacionado ao esvaziamento gástrico causado pelo medicamento, que pode comprometer a absorção de outros remédios, incluindo os anticoncepcionais.
Por isso, a MRHA recomenda o uso de métodos contraceptivos não orais — como implantes hormonais, preservativos ou dispositivos intrauterinos (DIU) — durante o tratamento com Mounjaro, Ozempic ou Wegovy. A orientação se estende por até dois meses após o fim do tratamento, caso haja intenção de engravidar.
A agência britânica também reforça que as canetas não foram testadas em gestantes ou lactantes, e que não há dados suficientes sobre segurança nesses casos. “Qualquer pessoa que engravide enquanto os utiliza deve consultar um profissional de saúde e interromper o uso do medicamento o mais rápido possível”, afirma a MRHA.
Diante da novidade, especialistas reforçam que o Mounjaro representa um avanço terapêutico relevante, mas seu uso exige acompanhamento médico, avaliação individualizada e atenção especial ao perfil dos pacientes, sobretudo mulheres em idade reprodutiva.