ATERRORIZANTE

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Por Gustavo Mariani*

Conta a versão bíblica que Jesus foi gerado na virgem Maria, pelo Espírito Santo. Há porém, versões que aterrorizam os cristãos, escritas até mesmo nos evangelhos, como a que Maria teve mais seis filhos – José, Judas, Simão, Tiago e duas mulheres sem nomes citados (Mateus 13:55.6) e Marcos (633). Há versão, também, de que os seis filhos atribuídos a Maria teriam sido de casamento anterior do marido dela, o carpinteiro José.

 Tais textos não falam da idade do José  e dizem que ele e Maria não transaram até o nascimento de Jesus (Mateus 1:25). Após o 12º ano de vida do garoto, José, que não tem idade citada, não é mais mencionado.

Maria, nos Evangelhos, é quase uma ninguém. Marcos só a cita por duas vezes: uma com (6:3) e a outra sem (3:31) o nome; João, também, em duas (2:1.12 e 19:25); Mateus faz mais citações, cinco (1:16; 18; 20; 2:11 e 13:55) e  Lucas doze (1: 27; 30, 34. 38. 39, 41, 56, 2:5; 16,  19 e 34). De suas parte, o Novo Testamento faz seis, sendo só três pelo nome.    

 Mais aterrorizante para os critãos foi o que escreveu o filósofo pagão grego Celso de Alexandria, em 170 Depois de Cristo, no livro A Verdadeira Palavra. Acusou Jesus de ter sido “um oportunista que explorava Madalena e outras mulheres que patrocinavam o seu sustento e suas andanças com as apóstolos”. Pior: o fez de  pobretão que se empregara, como servo, no Egito, onde teria aprendido mágicas, para se exibir em sua terra, focar popular e juntar seguidores. Mas bem pior foi acusar Maria de ter traído o marido José, transando com o soldado romano Tibério Júlio Abdes Pantera, porta-estandarte da Coorte I Sagitariorum, que estava estacionado na Judeia. Ele não diz se o Pantera era o pai de Jesus, mas afirma que este teria inventado a história de nascido de mãe virgem, o que contradizia com a tradição judaica.

Há indícios nos Evangelhos de histórias que circulavam, dizendo que Jesus seria filho ilegítimo de José e que Maria seria uma adúltera. Os judeus daquele tempo identificavam filhos pelo nome do pai, e Marcos identifica todos os membros da família de Jesus, sem mencionar José, deixando Jesus sem pai conhecido. João (8: 41) cita uma discussão entre Jesus e fariseus, na qual estes o acusam de ter nascido de transa da mãe fora do casamento. História que circulava entre judeus e gregos.  

Maria virgem (ou não), e Jesus filho ilegítimo (ou não) não eram questões relevantes para os primeiros cristãos, até surgirem dúvidas sobre a paternidade biológica do mesmo. A mais antiga menção a Maria está, verdadeiramente, na Carta de São Paulo aos Gálatas, na Bíblia, mas muito superficialmente. Diz que Jesus nasceu de uma mulher – Mateus também diz-, mas sem citar o nome dela.

 Ainda não existia a Bíblia organizada, com hoje, no Século IV (Depois de Cristo), quando muitas perguntas precisavam ser explicadas. Muitos dos textos, então, eram alterados, segundo pesquisadores, por motivo terminológico sobre a virgindade de Maria.

 Mateus usava a versão grega do Antigo Testamento – e não o hebraico original – que mencionava uma jovem grávida, a almah. Para historiadores do Século II -DC, um acidente de tradução –  a Bíblia grega fora base para a tradução latina – criou a ideia de virgindade de Maria, transformando “jovem” em “virgem” – o mais fica por conta da fé de cada um.

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