ANDRÉ BORGES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O governo da Coreia do Sul decidiu organizar uma inspeção presencial no Brasil, para visitar frigoríficos de carne de frango, como condição para reabilitar o comércio com exportadores brasileiros que tiveram suas vendas suspensas após a confirmação do caso de gripe aviária em Montenegro, no Rio Grande do Sul.
Uma visita técnica de auditores coreanos está sendo organizada para ocorrer entre os dias 1º e 13 de junho. Os coreanos pediram para visitar três unidades de produção no Paraná, para facilitar a logística de sua missão, tendo a indicação prévia dessas unidades pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
O pedido partiu da Agência de Quarentena Animal e Vegetal da Coreia (APQA), para reavaliar e aprovar novos estabelecimentos brasileiros exportadores de carne de aves.
O Mapa foi questionado sobre a visita prevista pelos representantes da Coreia do Sul, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.
A Coreia do Sul foi o 10º maior importador de carne de frango do Brasil em 2024, com 156 mil toneladas compradas. O país aparece como o 4º maior mercado da Ásia para carne de frango do Brasil, atrás de China, Japão e Filipinas, segundo informações da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Nesta quinta-feira (22), 46 países ainda seguem com bloqueio das importações de frango de todo o território nacional, conforme informações da pasta. Além dos 27 países da União Europeia, o embargo nacional é aplicado por China, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Jordânia, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka e Paquistão.
A suspensão restrita ao estado do Rio Grande do Sul tem sido aplicada por Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia.
Segundo o Mapa, Rússia, Bielorrússia, Armênia e Quirguistão decidiram retirar a suspensão do país todo e reduziram a restrição geográfica para o estado gaúcho.
Já a suspensão para o município de Montenegro (RS) está em vigor para os Emirados Árabes Unidos e Japão.
“O Mapa permanece em articulação com as autoridades sanitárias dos países importadores, prestando, de forma ágil e transparente, todas as informações técnicas necessárias sobre o caso. As ações adotadas visam garantir a segurança sanitária e a retomada segura das exportações o mais breve possível. Aos consumidores o Mapa reitera o esclarecimento de que o consumo de carne de aves e de ovos não apresenta risco para a saúde”, declarou a pasta.
O Brasil entra nesta quinta-feira (22) em um período decisivo de 28 dias para se autodeclarar livre de gripe aviária, após um trabalho de desinfecção da granja, onde um primeiro caso em criação comercial no país foi detectado na semana passada.
O processo de limpeza e desinfecção dos galpões, máquinas e outras estruturas e equipamentos da granja em Montenegro (RS), que envolve escritório, almoxarifado, vestiários, lavanderia, foi finalizado na noite desta quarta, de acordo com nota do governo gaúcho.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, havia citado, na semana passada, que após um período de 28 dias, se nenhum outro caso em granja comercial for registrado, o Brasil poderia se declarar livre da doença, aguardando posicionamento de importadores.
O Ministério da Agricultura ainda apura 11 casos suspeitos de gripe aviária, sendo apenas dois em granja comercial, em Tocantins e em Santa Catarina, que podem resultar em embargos de importadores.
A maioria dos casos investigados são em galinhas de subsistência e dois em aves silvestres, que geralmente não resultam em proibições comerciais.
O Estado do Tocantins descartou a ocorrência de influenza aviária de alta patogenicidade em uma granja comercial local, citando resultados preliminares de testes. Mas o caso ainda aparece sob investigação pelo sistema do ministério.
O Mapa autorizou, em caráter excepcional, o uso de contêineres refrigerados para fazer o armazenamento de frango e produtos derivados, como forma de reduzir o impacto causado pelo surto da gripe aviária, que interrompeu as exportações de frigoríficos brasileiros para dezenas de países.
A decisão foi tomada pela pasta nesta quarta-feira (21), após um pedido ser apresentado pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), conforme informações obtidas pela Folha de S.Paulo. Na prática, o setor busca alternativas para evitar prejuízos com a paralisação da cadeia produtiva.