Bancários apontam fraudes trabalhistas no Santander em debate sobre fechamento de agências 

Foto: Ângelo Pignaton/Agência CLDF

O fechamento de agências bancárias no Distrito Federal, com foco especial nas unidades do banco Santander, foi alvo de críticas durante audiência pública realizada nesta segunda-feira (19/05) na Câmara Legislativa do DF (CLDF). O encontro, promovido pela Comissão de Defesa do Consumidor (CDC), reuniu representantes sindicais, parlamentares e trabalhadores para discutir as consequências das mudanças, que incluem demissões em massa, precarização das relações de trabalho e restrições no atendimento ao público.

Presidindo a audiência, o deputado Chico Vigilante (PT) classificou a situação como “gravíssima” e anunciou medidas para ampliar o debate nacionalmente. Segundo o parlamentar, já foi solicitado ao senador Paulo Paim (PT-RS) que leve o tema ao Senado Federal. Além disso, ele afirmou que pedirá reuniões com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e com representantes da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

De acordo com Rodrigo Britto, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), embora a redução de agências seja um movimento comum a todos os bancos — públicos e privados —, o Santander tem se destacado negativamente. “É o banco mais agressivo nesse processo, com práticas gananciosas que desrespeitam leis trabalhistas, consumidores e o sistema tributário”, afirmou.

Fechamentos e fraudes trabalhistas

Dados apresentados por Elizabeth Espíndola Araújo, diretora da Fetec/CN e funcionária do Santander há 13 anos, indicam que 16 agências foram encerradas no DF desde 2020. Das 44 unidades que existiam, apenas 28 seguem oficialmente abertas — número que, segundo ela, é ilusório. “O banco concentra vários códigos de agências no mesmo endereço físico. Encerramos este mês com, de fato, 15 agências funcionando no DF”, explicou.

Araújo também denunciou uma série de práticas que classificou como fraudes trabalhistas. Conforme relatou, o Santander estaria criando empresas com registros em atividades como call center e autoatendimento, mas que, na prática, desempenham funções típicas de bancários, como cuidar de investimentos. Com isso, os trabalhadores são contratados fora do regime da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, perdendo direitos como jornada de seis horas, participação nos lucros e representação sindical.

A presidente da Fetec-CUT/SP, Aline Molina Gomes Amorim, reforçou a crítica ao modelo. “É terceirização fraudulenta. O mesmo trabalho está sendo feito com menos direitos e salários menores, enquanto o banco lucra como nunca”, afirmou. Ela também alertou que essas medidas podem estimular outros bancos a seguirem a mesma trilha.

Efeitos sobre o emprego e os clientes

A preocupação com o desemprego foi outro ponto central da audiência. Maria Isabel Caetano, presidente do Sindiserviços-DF, lamentou o impacto sobre os trabalhadores terceirizados, como os da limpeza. “Esses profissionais são tratados como se fossem descartáveis. Quantos mais vão perder seus empregos?”, questionou.

Paulo Quadros, presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF, fez um apelo à união dos sindicatos para reagir. “Todos os bancos estão fechando agências. Quem mais sofre somos nós, os terceirizados. Precisamos agir juntos”, afirmou.

Além das demissões, participantes da audiência destacaram prejuízos à população com a redução do atendimento presencial. Rodrigo Rodrigues, presidente da Central Única dos Trabalhadores no DF (CUT/DF), destacou que a digitalização imposta pelos bancos exclui parte significativa dos usuários. “Muita gente ainda não tem acesso ou familiaridade com a tecnologia. O atendimento humano é essencial”, disse.

Aline Molina também alertou para o aumento de golpes virtuais, especialmente contra idosos, no ambiente digital. “A internet é onde mais ocorrem fraudes contra os mais velhos, e os bancos se isentam da responsabilidade”, afirmou. Segundo ela, apesar da economia com o fechamento de agências, os bancos continuam cobrando tarifas elevadas dos clientes.

A audiência terminou com o compromisso do deputado Chico Vigilante de levar as denúncias às instâncias superiores e cobrar providências das autoridades federais.

Com informações da CLDF

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