Como Ednaldo perdeu apoio 52 dias após ser unânime e dar aumento de 330% a presidentes de federações

Foto: Rafael Ribeiro/CBF

O afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi seguido por uma ruptura em apoios que o mandatário detinha. Isso acontece 52 dias após ele ter sido reeleito por unanimidade, com votos de todas as federações estatuais e os 40 clubes de Séries A e B.

Um manifesto assinado por 19 federações, na noite de quinta-feira, pregou pela estabilidade na CBF e criticou a centralização do poder na entidade. A concentração de poderes era uma das acusações feitas à gestão de Ednaldo.

Não há um nome de consenso para a eleição, nem mesmo entre as 19 federações que assinaram o manifesto. Algumas delas ensaiam apoio a Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol (FRF) e filho de Zeca Xaud, que comanda a entidade do Estado há 40 anos.

O entendimento das federações é de que o momento é uma possibilidade de mudanças na CBF, ainda que se saiba que isso não é alcançado apenas com o afastamento do então presidente.

O fim do apoio vem após um aumento nos salários dos presidente das federações, conforme revelou a reportagem da revista piauí. Até 2021, antes de Ednaldo assumir, cada chefe das afiliadas da CBF recebiam R$ 50 mil. Hoje, o valor chega a R$ 215 mil, com direito a 16º salário.

Por outro lado, CBF validou junto às federações estaduais uma nova versão do estatuto, em 2024. O documento não foi publicizado, mas gerou repercussões negativas por centralizar decisões em Ednaldo e esvaziar funções das diretorias.

Mais do que isso, conforme disse uma fonte ouvida pelo Estadão, a instabilidade jurídica, após a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) avaliasse o acordo que manteve Ednaldo no cargo, foi “a gota d’água”.

Após o afastamento, Ednaldo Rodrigues tenta anular a decisão. O pedido foi feito por meio do departamento jurídico da CBF, ao mesmo tempo em que a própria entidade convocou novas eleições. Um dia depois, o presidente afastado pediu, com urgência, que o STF paralise o processo eleitoral.

O próprio interventor, Fernando Sarney, pode concorrer, mas é um cenário pouco provável. Ainda se busca entender se Ednaldo Rodrigues poderia participar do pleito.

Outro nome provável é o do presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, que já tentou comandar a confederação em outra ocasião.

Ednaldo Rodrigues acredita que quem articulou seu afastamento é Luiz Zveiter, desembargador do Rio e pai de Flavio Zveiter, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Flávio já tentou chegar à presidência da CBF, no primeiro afastamento de Ednaldo, em 2023. A reportagem do Estadão tentou contato com ele, mas não obteve retorno. Há a possibilidade de que ele Flavio Zveiter atue em algum cargo de alto escalão de uma possível gestão de Xaud.

A certeza entre federações é que o candidato seja definido entre os presidentes. Há receio de que um personagem de fora do circuito, como Ronaldo Fenômeno, seria “um estranho no ninho” e mexeria com o status quo.

Os clubes, que têm peso menor na eleição, também inseriram o tema em discussões. A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) realizou uma assembleia nesta sexta-feira e comentou o assunto.

O bloco estuda tomar um posicionamento público, mas, dificilmente, declarará apoio a algum candidato. O que deve ser apontado como vontade do grupo é “alguém que se comprometa com projetos e com a Liga”.

A reportagem do Estadão também conversou com um presidente de clube do outro bloco, a Liga Forte União (LFU). O entendimento é de que a demora de Ednaldo Rodrigues para fechar com um técnico para a seleção o fez perder sustentação como presidente.

Também houve incômodo sobre os vazamentos de valores pagos a presidentes de federações. Há uma avaliação de que a CBF, com Ednaldo, vivia um cenário de “fogo amigo” e que precisa ser apaziguada.

Um aliado de Ednaldo Rodrigues foi procurado pela reportagem do Estadão, mas evitou falar sobre o assunto.

Estadão

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