

Como funcionam os transplantes de órgãos no Brasil? – Foto: Banco de Imagens/ND
Você sabe como funcionam os transplantes de órgãos no Brasil? Segundo o Governo Federal, o país é referência na área e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América.
No Brasil, a lista de espera por transplantes é gerenciada pelo Ministério da Saúde. Só em 2025, já foram realizados 3.396 transplantes de órgãos.
A maior parte foi de rins, com 2.286 procedimentos, seguida por 869 transplantes de fígado. Mas, afinal, como funciona o processo de transplante de órgãos no país? Confira a seguir as principais dúvidas em torno do tema e descubra também como se tornar um doador de órgãos.
Como funcionam os transplantes de órgãos no Brasil
Os transplantes de órgãos no Brasil são organizados por meio de uma lista de espera única, que inclui tanto pacientes do SUS quanto da rede privada.
Ela é operada pelo Sistema Nacional de Transplantes, e o encaminhamento de pacientes para centros de referência é de responsabilidade do Estado de origem dos mesmos. Ele pode ser feito por meio de ambulatórios, instituições hospitalares ou pelas Centrais Estaduais de Transplantes.
A ordem de prioridade para os transplantes de órgãos no Brasil segue critérios técnicos como:
- Compatibilidade (tipagem sanguínea, peso, altura e genética);
- Estado clínico (pacientes em estado crítico têm prioridade);
- Ordem de inscrição (quando os critérios técnicos são semelhantes).
Depois, há a questão da compatibilidade entre doador e receptor. A classificação dos receptores potenciais segue algumas normas específicas:
- Para coração, pulmão e pâncreas: compatibilidade sanguínea (ABO), critérios de priorização, características do doador (antropometria, entre outros) e tempo de espera desde a inscrição no Cadastro Técnico Único (CTU);
- Para fígado: Compatibilidade ABO, priorização clínica, situação especial (gravidade), características do doador, regionalização, pontuação MELD/PELD e tempo de espera;
- Para rim: Compatibilidade ABO e HLA (genética), critérios de priorização, idade do doador e regionalização.
Quais órgãos e tecidos podem ser doados?
Um único doador falecido pode salvar ou transformar a vida de mais de oito pessoas, ao doar órgãos e tecidos como:
- Coração;
- Pulmões;
- Fígado;
- Rins;
- Pâncreas;
- Córneas;
- Intestino;
- Pele;
- Ossos;
- Válvulas cardíacas.
Os transplantes de órgãos no Brasil ainda em vida

Os transplantes de órgãos no Brasil podem ser feitos ainda em vida – Foto: Banco de Imagens/ND
Se você deseja fazer a diferença ainda em vida, saiba que pessoas saudáveis também podem ser doadoras — desde que atendam aos critérios médicos e legais. Entre os órgãos e tecidos que podem ser doados em vida estão: um dos rins, parte do fígado, da medula óssea e dos pulmões.
Doações para familiares são permitidas. Mas, para pessoas sem parentesco, é necessário obter uma autorização judicial para que o processo ocorra. Ele envolve avaliações médicas rigorosas para garantir a segurança de quem doa e também de quem irá receber o órgão transplantado.
Desafios dos transplantes de órgãos no Brasil
Apesar dos avanços, os transplantes de órgãos no Brasil ainda enfrentam desafios significativos, como os listados a seguir:
- Questões logísticas, como o transporte de órgãos por via aérea ou terrestre, considerando o tempo de isquemia e a distância entre doador e receptor;
- Investimento em infraestrutura para o transplante;
- Capacitação de equipes médicas e assistenciais;
- Remuneração adequada para os profissionais e instituições envolvidas no processo;
- Conscientização da sociedade.
Como posso me tornar um doador de órgãos?
Aqui no Brasil, a doação de órgãos após a morte acontece apenas com autorização da família. Logo, é necessário manifestar esse desejo aos familiares. As pessoas podem, contudo, manifestar a vontade de se tornarem doadoras por meio de um cadastro nacional.
O AEDO (Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos) é uma forma eletrônica de autorizar a doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano. Realizada essa autorização, em caso de necessidade, seu médico poderá acessar e agir de acordo com a declaração.
O projeto é do Conselho Nacional de Justiça junto ao Colégio Notarial do Brasil, com apoio do Mistério da Saúde.
A doação de medula óssea, por sua vez, tem um processo mais simples: basta comparecer a um Hemocentro, preencher um formulário e realizar um exame de tipagem HLA – que identifica os subtipos de antígenos leucocitários humanos.
O cadastro é gratuito e feito pelo REDOME (Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea).