Um militar morreu após ficar preso no banheiro de um ônibus incendiado por guerrilheiros de um grupo dissidente das Farc no sul da Colômbia, informou o Exército nesta terça-feira (13).
A Colômbia atravessa o seu pior pico de violência na última década. O presidente Gustavo Petro denuncia a implementação de um “plano pistola” por parte dos grupos armados para assassinar militares de maneira sistemática.
Na noite desta terça-feira, indivíduos armados obrigaram os passageiros a descerem de um ônibus que partiu do município de San Vicente del Caguán, um histórico enclave guerrilheiro no departamento de Caquetá.
Em seguida, os agressores atearam fogo ao veículo no meio da estrada. A vítima, um sargento que estava trajado de civil, não conseguiu sair a tempo.
“Esta ação terrorista é uma violação flagrante dos direitos humanos e uma infração ao direito internacional humanitário”, disse o Exército em comunicado. A força atribuiu o ataque a uma dissidência da antiga guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), sem detalhar o nome do grupo.
No departamento de Caquetá operam duas facções rebeldes que se distanciaram do histórico acordo de paz entre as Farc e o governo em 2016.
Uma delas é comandada pelo guerrilheiro conhecido como Calarcá, que mantém negociações de paz com o governo Petro. A segunda opera sob as ordens do indivíduo de codinome Iván Mordisco, que no ano passado se afastou da mesa de negociações e aumentou sua pressão violenta contra o Estado.
Ambas as facções são cisões do principal agrupamento de dissidências das Farc, conhecido como o Estado-Maior Central (EMC), e disputam na região o controle de atividades ilegais como o narcotráfico, a extorsão e o desmatamento.
Somente entre os dias 15 de abril e 5 de maio, o denominado “plano pistola” deixou mais de 30 militares e policiais mortos, segundo o governo. A estratégia se assemelha à utilizada pelo narcotraficante Pablo Escobar, que, nos anos 1990, pagava por cada militar assassinado em sua guerra aberta contra o Estado.
Como medida preventiva, o Ministério da Defesa recomendou, no início de maio, que as autoridades façam seus deslocamentos com roupas civis para evitar ataques.
A Colômbia ainda está mergulhada em um conflito interno que já provocou mais de 9,5 milhões de vítimas ao longo de seis décadas.
© Agence France-Presse