Pepe Mujica encarava morte com naturalidade e vida como aventura

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BEATRIZ GOMES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, que morreu nesta terça-feira (13) aos 89 anos, já refletiu sobre a morte anteriormente e a encarava com naturalidade. O óbito do ex-mandatário, que tratava um câncer no esôfago, foi divulgado pelo presidente do país, Yamandú Orsi.

“É preciso morrer”, disse em entrevista em abril de 2024, ao anunciar um tumor no esôfago. Na ocasião, o ex-presidente não evitou falar em morte e explicou que o seu caso era “duplamente complexo” porque sofria de uma doença imunológica havia mais de 20 anos.

“Pertencemos ao mundo dos vivos, nascemos destinados a morrer. Por isso a vida é uma aventura maravilhosa. Mais de uma vez na minha vida a morte rondou a cama, desta vez parece que vem com a foice em punho. Vamos ver o que acontece”, disse Mujica na entrevista.

Em maio do ano passado também não temeu o questionamento sobre o que achava da morte. Mujica refletiu ao jornal Folha de São Paulo que a grandeza e a tragédia da vida humana estava em não poder escapar do “programa biológico” que prevê o nosso fim.

“A morte é talvez o que dá valor à vida. Tudo o que é vivo está condenado a morrer. Qual é a diferença que a vida tem das pedras? A vida pode sentir dor, alegria, tristeza, desejo.

Parece que temos a função de emprestar uma inteligência ao mundo da vida. Às vezes acreditamos ser donos. Não, somos parte. Mas queremos continuar vivendo. Nossa maneira de lutar contra a morte é uma luta impossível que sempre perderemos, mas lutamos com amor”, afirmou.

“Não podemos escapar, porque somos um programa biológico para isso. Aí está a nossa grandeza e nossa tragédia. E fazemos perguntas eternas que não têm resposta. Se a vida tem um sentido. Se há um além. Mas certamente desempenhamos um papel na natureza.

Pelo menos, estragamos tudo. Complicamos a vida dos outros bichos”, falou ainda à Folha de S.Paulo.

“Estou condenado”, disse Mujica, em janeiro deste ano. Ao jornal Búsqueda, o ex-presidente disse que “quando chegar a hora de morrer, eu morro”.

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