Hackeado ou pressionado? A estranha crise entre Alex Poatan e o UFC

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O mundo do MMA foi pego de surpresa neste meio de semana, quando Alex Poatan, um dos principais nomes do UFC na atualidade, rompeu o silêncio nas redes sociais para atacar duramente a organização. Em tom de desabafo, o lutador brasileiro disse estar se sentindo “traído” pelo Ultimate, mesmo após sempre ter atendido às exigências da empresa. O texto terminou com uma ameaça velada de aposentadoria, acendendo um alerta na comunidade do MMA.

Horas depois, a reviravolta: Poatan reapareceu em vídeo e alegou que sua conta no Twitter havia sido hackeada. Disse que não sabia do ocorrido e reafirmou que mantém uma boa relação com o UFC. A explicação, porém, convenceu poucos.

O problema não está apenas na inconsistência, mas no timing e no conteúdo da suposta invasão. A mensagem original era articulada, coesa e diretamente relacionada a uma tensão que já era pública: o pedido insistente de Magomed Ankalaev por uma revanche no UFC 319, em agosto. O próprio Ankalaev vinha cobrando publicamente a assinatura do contrato por parte do brasileiro, que evitava o confronto direto — até agora.

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O post da discórdia

Suspeita

As circunstâncias levantam suspeitas. Não é comum que hackers invadam uma conta para redigir uma crítica elaborada, contextualizada e com tom pessoal. Mais estranho ainda é o fato de que nenhuma outra publicação suspeita tenha sido feita, como ocorre em ataques típicos de invasores, que costumam disseminar spam, golpes financeiros ou mensagens aleatórias em massa.

Há quem acredite que a postagem tenha sido feita pelo próprio Poatan — e que, após a repercussão negativa e possível pressão dos dirigentes do UFC, ele tenha voltado atrás. O paralelo mais lembrado é com Conor McGregor em 2016, quando o irlandês anunciou uma aposentadoria súbita como forma de pressionar o UFC em uma negociação. A tática pode ter sido parecida, mas a execução — e o recuo — soaram mal para muitos fãs.

Outro elemento que não pode ser descartado é o fator psicológico. Poatan ainda parece não ter se recuperado da derrota avassaladora para Ankalaev em março. Na ocasião, o brasileiro foi dominado de forma clara, o que colocou em xeque sua capacidade de competir em alto nível na categoria dos meio-pesados. Desde então, o lutador tem se mantido em uma rotina de viagens, aparições públicas e compromissos comerciais, mas distante do foco em treinamento. A disposição para uma revanche em agosto parece incompatível com sua agenda atual.

A publicação, o silêncio diante das provocações de Ankalaev e o recuo repentino sugerem um cenário de desgaste emocional, dúvida e talvez até medo. Poatan, que chegou ao topo como uma máquina de nocautes, pode estar enfrentando agora sua maior luta: a de se reencontrar como atleta após uma derrota contundente.

Se foi uma estratégia mal executada ou apenas um momento de instabilidade, o tempo dirá. O certo é que a imagem de Poatan saiu arranhada desse episódio, e o UFC, atento aos desdobramentos, deve agora decidir se estende a mão ou impõe sua vontade.

 

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