O Dia das Mães é uma data que convida não apenas ao afeto, mas também à reflexão. Em sintonia com esse olhar ampliado, a Universidade de Brasília (UnB) desenvolve o projeto Mães, Mamãs e Mamans: gênero, raça, mobilidades e dinâmicas familiares nas experiências de maternidades no Sul Global, com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
Com fomento da FAPDF, no valor de R$ 180 mil, por meio do Edital de Demanda Espontânea de 2022, o projeto conta com entrevistas, sessões de conversa e análises de narrativas em diferentes territórios. A proposta articula saberes da antropologia, sociologia, estudos de gênero e relações raciais, dando atenção especial às experiências de mulheres negras, indígenas, migrantes e periféricas.
A iniciativa investiga como mulheres vivenciam a maternidade em realidades marcadas por desigualdades sociais, raciais e geográficas. Coordenada pela professora Andréa Lobo, do Departamento de antropologia da UnB, a pesquisa reúne especialistas de diferentes áreas para estudar trajetórias de mulheres brasileiras, africanas e latino-americanas. O estudo observa como experiências de migração, pobreza e discriminação interferem nas práticas de cuidado, nas estruturas familiares e na construção das identidades maternas.
“A maternidade não é uma experiência homogênea. Nosso objetivo é dar visibilidade às formas plurais de maternar que emergem em contextos de opressão, mas também de resistência. São vivências que costumam ser invisibilizadas pelas políticas públicas e pelos discursos institucionais”, explica Andréa.
Maternidade em movimento
A mobilidade é um eixo central do estudo. Mães em deslocamento entre países ou regiões enfrentam desafios complexos ao manter laços culturais e formar redes de apoio em novos contextos. “Essas mulheres atravessam fronteiras físicas e simbólicas. E, ao fazerem isso, transformam a maternidade em um ato político e de afirmação identitária”, destaca a coordenadora.
Ao valorizar experiências diversas de maternar, o projeto busca ampliar o conhecimento acadêmico e subsidiar políticas públicas mais sensíveis à realidade de mulheres em contextos de vulnerabilidade. Para a coordenadora do projeto, pensar a maternidade a partir do Sul Global é fundamental para compreender os efeitos das desigualdades e construir práticas sociais mais justas.
*Com informações da FAPDF e Agência Brasília