Donald Trump anunciou, nesta quinta-feira (8), a conclusão de um acordo “abrangente” com o Reino Unido, o primeiro do tipo desde o início da guerra comercial, após semanas de negociações com Londres sobre tarifas, embora o escopo do acordo permaneça incerto.
O presidente dos Estados Unidos deve apresentar os termos deste acordo às 14h00 GMT (11h00 de Brasília) no Salão Oval.
“O acordo com o Reino Unido é abrangente e completo e fortalecerá a relação entre os Estados Unidos e o Reino Unido por muitos anos”, declarou em sua rede Truth Social.
“Muitos outros acordos (…) seguirão!”, ele prometeu.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deve discursar mais tarde hoje.
Londres negocia com os Estados Unidos há várias semanas na esperança de reduzir as tarifas adicionais impostas às suas exportações (10% sobre todos os produtos e 25% sobre aço, alumínio e automóveis).
Este acordo é o primeiro desde que o magnata impôs tarifas massivas sobre produtos importados pelos EUA em todo o mundo, antes de recuar parcialmente diante da perturbação da ordem econômica internacional.
– Negociações com vários países –
Os Estados Unidos conduzem negociações semelhantes com vários outros países. A abertura das negociações com a China na Suíça neste fim de semana é aguardada com grande expectativa.
Apesar do anúncio de um acordo “abrangente e completo”, vários analistas e economistas acreditam que o acordo teria um alcance limitado.
Ao salientar que “negociar acordos comerciais abrangentes leva anos”, os analistas do Deutsche Bank esperam o anúncio de um “marco” de negociações.
Consultado pela AFP, Jonathan Portes, economista do King’s College de Londres, não prevê nada mais do que “uma operação de limitação de danos” e certamente não espera “um impulso real para a economia britânica”, embora reconheça que “será um alívio para as empresas”.
As concessões do governo britânico serão observadas de perto, especialmente se concordar em suavizar seu imposto digital — que tem como alvo gigantes de tecnologia dos EUA e arrecada 800 milhões de libras por ano (cerca de 6 bilhões de reais) — no momento em que corta os benefícios sociais para equilibrar o orçamento.
O Partido Trabalhista nunca negou que esse imposto, de alto valor simbólico — especialmente para Donald Trump, cujos aliados mais próximos são os chefes de tecnologia dos EUA — estava na mesa de negociações.
Embora os Estados Unidos sejam o segundo maior parceiro comercial do Reino Unido, ainda estão muito atrás da União Europeia, que representa 40% de suas transações comerciais.
A ministra das Finanças britânica, Rachel Reeves, ressaltou recentemente o valor da relação comercial com Bruxelas e observou que é “provavelmente ainda mais importante” do que a relação com os Estados Unidos.
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