ALÉXIA SOUSA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A Justiça do Rio de Janeiro manteve a prisão da mulher apontada pela Polícia Civil do Pará como responsável por cadastrar novos integrantes do Comando Vermelho no estado -uma espécie de “diretora de Recursos Humanos” da facção, segundo os investigadores.
Bianca Duarte Franco, 24, conhecida como Ayna, foi presa na última sexta-feira (2) durante uma operação em Cabo Frio, na Região dos Lagos Fluminense.
A decisão também manteve a prisão de Layane Tharlita Santos Santana e Kalita Eduarda Ataíde, que estavam com Bianca no momento da abordagem. As três vão responder por suspeita de tráfico de drogas e associação para o tráfico.
A Folha de S.Paulo procurou o advogado Bruno Marques, que representa as três suspeitas, mas não teve retorno até a publicação deste texto.
Natural do Maranhão, Bianca era procurada pela Justiça paraense e foi localizada em uma casa ao lado de um ponto de venda de drogas, na comunidade Morubá. Segundo a Polícia Civil fluminense, ela foi flagrada vendendo entorpecentes no local. Antes de se refugiar em Cabo Frio, a jovem passou por favelas do Complexo da Penha e da Gardênia Azul, ambas no Rio de Janeiro.
A prisão foi realizada de forma integrada pelas polícias civis do Rio e do Pará, com apoio do Ministério da Justiça. A ação fez parte da operação Renorcrim/Parabellum, que busca frear a expansão territorial da facção entre os estados. Desde abril, 35 mandados de prisão preventiva foram cumpridos no âmbito da operação.
“Esta é uma importante prisão, tendo em vista que essa pessoa exercia uma função de liderança dentro da organização no estado do Pará, mas que estava há muito tempo foragida no Rio”, afirmou Ualame Machado, secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará.
Bianca ficou conhecida nas redes sociais por ostentar armas como fuzis e pistolas. Em uma das gravações publicadas em seu perfil, ela dança com um fuzil nas mãos em um baile funk.
Em outra publicação, aparece com uma camiseta com os dizeres “Ayna 41” -referência ao traficante Leonardo Costa Araújo, o Leo 41, morto em uma operação no Rio em 2023. Segundo a polícia, ele é apontado como um dos responsáveis por ataques que resultaram na morte de agentes de segurança pública no Pará.
A investigação aponta que Bianca exercia função de liderança dentro da organização criminosa, responsável por uma espécie de seleção criteriosa para o ingresso de novos membros.
Em uma publicação nas redes sociais, ela chegou a admitir seu envolvimento com o tráfico. “Minha mãe sabe que eu tiro plantão, minha mãe sabe que eu sou bandida, sabe que eu trafico. Tudo o que eu faço, ela sabe”, declarou.
As demais presas teriam funções operacionais na facção: uma delas atuava como mula, transportando drogas entre favelas; a outra era responsável por vender entorpecentes na comunidade onde ocorreu a prisão.
A atuação de Bianca à frente do que os investigadores chamam de setor de recrutamento foi destacada por Breno Ruffeil, diretor da Delegacia de Repressão a Facções Criminosas. “A investigada ficou conhecida na imprensa nacional por ostentar um fuzil em um baile funk, no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro”, disse. “Uma delas, também paraense, era responsável por transportar entorpecentes de uma favela a outra, sem despertar suspeitas.”