JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS)
O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) afirmou que o presidente Lula (PT) é o responsável pela crise dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e usou o então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), como fusível para conter a crise.
“Quem é o responsável político por essa questão? É o [Michel] Temer, [Jair] Bolsonaro e o Lula. Transferir [a responsabilidade] para auxiliares é tentativa de queima de fusível. Sabe para o que serve um fusível na casa? Quando a tensão dá um pico, ele queima para proteger a fiação”, afirmou o pedetista.
As declarações foram dadas nesta terça-feira (6), em Fortaleza, em entrevista à imprensa após uma reunião com a bancada da oposição ao governo Elmano de Freitas (PT) na Assembleia Legislativa do Ceará.
Na reunião, Ciro fez um apelo pela união das oposições no Ceará e sinalizou apoio à candidatura ao Senado do deputado estadual bolsonarista Alcides Fernandes (PL). Ele é pai do deputado federal André Fernandes (PL), derrotado em 2024 na disputa pela Prefeitura de Fortaleza.
A aproximação com a oposição no Ceará foi selada dias após o pedido de demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência do governo Lula. Ele foi substituído pelo então secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, que foi deputado federal e é presidente do PDT em Pernambuco.
Ciro afirmou à imprensa que o governo Lula é “organicamente corrupto” e lembrou que os descontos ilegais nas pensões e aposentadorias cresceram na gestão petista. Disse ainda que as investigações sobre o esquema devem ser aprofundadas para identificar e punir os seus autores.
Também defendeu o ministro demitido por Lula. “Lupi, até onde eu sei e eu sei muito, é um homem sério, de vida simples. Conheço, já fui na casa dele muitas vezes, não tem nenhum hábito, nenhum sinal exterior de riqueza.”
Ciro ainda disse que Lula atuou para queimar Carlos Lupi e criticou a nomeação de Wolney Queiroz para a pasta da Previdência.
“Qual a culpa do Lupi senão uma responsabilidade remota, que cabe ao Lula? E que o Lupi fez de omissão que o secretário-executivo do ministério deixou de fazer igual? Isso é envergonhante para mim, eu fico morto de vergonha e acho uma indignidade inexplicável”, disse.
Na sequência, defendeu a saída do PDT do governo Lula. “O PDT continuar no governo é um equívoco absolutamente trágico porque abre mão de uma opção e fazer uma proposta de desenvolvimentismo nacional para virar um puxadinho vergonhosamente corrompido do PT e do seu governo corrupto.”
A bancada do PDT na Câmara dos Deputados decidiu nesta terça deixar a base do governo Lula e discutir candidaturas alternativas para a eleição presidencial de 2026. “Neste momento, estamos nos colocando em posição de independência”, disse o líder do partido na Câmara, Mário Heringer (MG).
Derrotado nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, quando concorreu pelo PDT, Ciro Gomes voltou a afirmar que não será candidato no pleito de 2026.
Por outro lado, disse que não vai se eximir de atuar politicamente e defendeu a união das oposições no Ceará contra o governador Elmano de Freitas.
Ao chegar para a reunião, ele cumprimentou o deputado Alcides Fernandes, que é pastor evangélico, e prometeu apoiá-lo em 2026. “Espero votar em você para senador”, afirmou Ciro.
Mais tarde, ao falar com a imprensa, classificou o bolsonarista como um homem decente, qualificado e uma pessoa nova na política. E afirmou que negocia uma chapa que una as oposições sob a liderança do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), derrotado nas eleições de 2022.
Por fim, Ciro fez críticas ao governador petista Elmano de Freitas citando problemas na economia, segurança pública, saúde e educação. Também disparou contra o ex-governador e ministro Camilo Santana (Educação), afirmando que o petista não entende de educação.