A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enfrenta um momento crítico, marcado por sucessivas derrotas dentro de campo e turbulências nos bastidores. Nos últimos meses, quatro marcas encerraram seus contratos de patrocínio com a entidade: GOL Linhas Aéreas, Mastercard, Pague Menos e TCL Semp.
A saída da GOL, em particular, está ligada à grave crise financeira enfrentada pela companhia aérea. Em janeiro de 2024, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, visando reestruturar uma dívida de aproximadamente R$ 20 bilhões. A decisão foi motivada por fatores como o impacto da pandemia de Covid-19, aumento dos custos operacionais e a necessidade de renegociar contratos com credores internacionais, especialmente os arrendadores de aeronaves .
Apesar de a GOL ter alegado “estratégias de marketing” para o encerramento do contrato com a CBF, a situação financeira da empresa sugere que a decisão foi influenciada por sua necessidade de cortar custos e focar na reestruturação de suas operações.
Já as saídas de Mastercard, Pague Menos e TCL Semp ocorreram em um contexto de crescente desgaste institucional da CBF. Denúncias recentes apontam para irregularidades na gestão do presidente Ednaldo Rodrigues, incluindo aumentos salariais expressivos para dirigentes e gastos milionários com advogados e acordos durante a Copa do Mundo de 2022 . A Mastercard, por exemplo, confirmou o fim do patrocínio em 2024, mantendo apenas seu apoio ao futebol feminino e masculino como parte de sua estratégia global de marketing .
Atualmente, a CBF conta com cinco patrocinadores principais: Nike, Itaú, Guaraná Antártica, Vivo e Cimed. O número é bem menor em comparação aos 16 patrocinadores que a entidade tinha durante a Copa do Mundo de 2022. A redução no número de parceiros comerciais reflete não apenas a crise institucional, mas também a má fase da Seleção Brasileira, que vive sua pior sequência nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
Além disso, a tentativa da CBF de lançar um uniforme alternativo na cor vermelha gerou controvérsia e críticas de setores conservadores, que associaram a cor a simbolismos políticos indesejados. Parlamentares de direita chegaram a cogitar convocar dirigentes da entidade para prestar esclarecimentos sobre a tal camisa vermelha.
A combinação de escândalos administrativos, perda de patrocinadores e desempenho insatisfatório da Seleção coloca a CBF em uma posição delicada. Com a proximidade da Copa do Mundo de 2026, a entidade precisa urgentemente reconquistar a confiança de parceiros comerciais, torcedores e do próprio elenco para evitar um colapso institucional e esportivo.

A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (5/5)