NH atinge 5 mil edições: a trajetória do jornal que conquistou Brasília

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Criado em 6 de junho de 2006 como um projeto do Jornal de Brasília, o Na Hora (NH) celebra a marca histórica de 5 mil edições, consolidando-se como um dos jornais populares mais longevos do Distrito Federal. Com linguagem direta e conteúdos que vão de polícia a entretenimento, o NH traduz, há quase duas décadas, o cotidiano brasiliense em páginas de fácil leitura e grande apelo popular.

Marcelo Moura, 50 anos, é um dos idealizadores do jornal Na Hora H (NH), um dos produtos mais populares do grupo Jornal de Brasília. Em entrevista, ele contou que a criação do NH foi uma resposta às transformações do mercado editorial e ao crescimento da linguagem popular nos meios de comunicação. O NH surgiu em junho de 2006, com uma proposta inovadora para a época: oferecer um conteúdo rápido, direto e com forte apelo popular.

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Foto: Camila Coimbra/Jornal de Brasília

“No início dos anos 2000, os jornais impressos ainda tinham um peso muito grande na comunicação. Já se falava da força crescente da internet, mas o impresso dominava uma fatia considerável do mercado”, relembra Marcelo. Foi nesse contexto que surgiu a ideia de criar um novo produto editorial com características distintas do tradicional Jornal de Brasília.

Inspirados em modelos como o Extra, do Rio de Janeiro, e a Zero Hora, de Porto Alegre, os idealizadores apostaram no formato tabloide e em uma linguagem mais próxima do público. Marcelo e o editor Jorge Eduardo Antunes foram os responsáveis pela concepção do projeto. “Pensamos em um jornal com uma linguagem radiofônica, mais quente, próxima do leitor, com matérias curtas e um cardápio variado de notícias”, explica.

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Foto: Camila Coimbra/Jornal de Brasília

O NH foi desenhado para ser lido rapidamente, quase como um “fast news” impresso. “A gente se inspirou até em um outro jornal da época chamado Meia Hora de Notícia, que era feito para ser lido em 30 minutos. Trouxemos esse conceito para o NH”, afirma. Apesar da proposta de consumo rápido, a intenção era oferecer uma base de informações ampla, que permitisse ao leitor participar de conversas cotidianas e buscar aprofundamento quando necessário.

Outro diferencial estava no visual. As cores principais do projeto foram escolhidas com base na televisão e no sistema de cores RGB – vermelho, azul e verde –, algo incomum nos jornais da época, que trabalhavam com cores pigmento. “Queríamos levar essa reminiscência das telas para o papel”, detalha Marcelo, que na época atuava como editor de arte.

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Foto: Camila Coimbra/Jornal de Brasília

A linha editorial do NH também foi pensada para atrair um público amplo. A cobertura policial tinha destaque, assim como conteúdos de televisão, horóscopo e até conselhos sentimentais. O jornal também ficou conhecido por incluir, desde o início, a seção “Bela do Dia”, que apresentava fotos de modelos em evidência ou em início de carreira. “Hoje isso não seria bem visto, mas naquela época, o cenário era outro. Tínhamos referências como as ‘panicats’ e a ‘tiazinha’. Era uma forma de atrair o público masculino, que era maioria entre os leitores de jornal impresso”, justifica.

Entre os temas que ganhavam espaço nas páginas, o futebol era tratado com destaque especial. “Todos os esportes apareciam, mas o futebol era o principal. Ele tinha uma presença privilegiada por causa do forte apelo entre os leitores”, destaca.

Com o passar do tempo, o NH evoluiu. Marcelo lembra que, cerca de dois anos após a criação, foi feito um novo projeto gráfico e editorial com base em pesquisas qualitativas. “Descobrimos, com surpresa, que o público A também lia o NH. Não era só o público B e C como imaginávamos inicialmente.”

Marcelo resume o diferencial do jornal como a junção de vários elementos: formato acessível, leitura rápida, linguagem direta e temas de forte apelo. “Oferecíamos um cardápio variado de notícias que te dava subsídios para o dia, com informação de qualidade, ainda que não aprofundada. E isso sempre foi o coração do NH”, conclui.

Em 2026, o NH completará 20 anos, mantendo seu DNA ágil e popular. Renato Matsunaga, superintendente do Grupo JBr, ressalta: “É um campeão de vendas, lido por todas as classes sociais. A 5ª milésima edição comprova seu sucesso”.

Lourenço Peixoto, sócio-proprietário do grupo, celebra o legado: “O NH democratiza a informação e presta serviço ao brasiliense, unindo notícias, política e entretenimento”.

Público fiel na banca da rodoviária

Quem passa diariamente pela banca da Rodoviária do Plano Piloto talvez não saiba que ali trabalha alguém que viu de perto as mudanças do cenário urbano e do hábito de leitura dos brasilienses. Aos 49 anos, Elisângela Oliveira de Carvalho é uma dessas figuras que resistem ao tempo — e à tecnologia. Moradora do Recanto das Emas desde 1998, ela trabalha na banca há 26 anos. “Comecei bem nova. Quando o shopping ainda estava sendo construído, a banca já funcionava aqui”, conta.

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Foto: Camila Coimbra/Jornal de Brasília

Com o avanço da internet e a popularização do acesso digital às notícias, muitas bancas de jornal fecharam as portas. Mas a de Elisângela segue firme. “Ainda tem público, não é como antes, mas tem. É uma cultura que se mantém viva. Tem gente que diz: ‘Não acaba com a banca, é a única que ainda tem’”, relata.

O público mais fiel, segundo ela, é formado por pessoas mais velhas. “Vendo bastante para idosos. Eles compram com frequência. Os jornais mais procurados são o Jornal de Brasília, Na Hora e o Correio Braziliense”, afirma.

Entre os jornais que ela vende está o NH “Eu já estava aqui quando ele foi lançado. A aceitação foi boa, principalmente por ser mais em conta. Hoje, vendo de 50 a 70 exemplares por dia, dependendo do movimento”, conta.

Para ela, o diferencial do NH está no preço acessível e no conteúdo visual. “O pessoal gosta das figurinhas, das imagens. Tem gente que compra só por isso”, diz, rindo.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor, Elisângela defende com entusiasmo a continuidade do jornal impresso. “Gente, venham comprar. Eu preciso manter meu emprego”, brinca. “Mas não é só isso. As bancas são também uma identidade cultural de Brasília.”

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