JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu paciência e culpou o antecessor Joe Biden por resultados negativos após dados mostrarem que a economia americana recuou 0,3% em termos anuais durante o primeiro trimestre do ano.
Depois da divulgação do relatório do BEA (sigla em inglês para Escritório de Análise Econômica), os principais índices de Wall Street tiveram forte queda. O recuo capta a resposta das empresas americanas à guerra comercial. O presidente dos EUA, porém, eximiu-se de culpa pelo resultado negativo em uma publicação na sua rede social Truth Social.
“Este é o mercado de ações de Biden, não o de Trump. Eu só assumi em 20 de janeiro. As tarifas em breve começarão a entrar em vigor, e as empresas estão começando a se mudar para os EUA em números recordes”, afirmou o presidente.
“Nosso país vai decolar, mas precisamos nos livrar da ‘sombra’ deixada por Biden. Isso vai levar um tempo, NÃO TEM NADA A VER COM AS TARIFAS, apenas que ele nos deixou com números ruins. Mas quando o crescimento começar, será como nunca antes. TENHAM PACIÊNCIA!!! (sic)”, disse Trump após a divulgação do resultado do PIB.
Os dados são decorrentes em parte da grande corrida de empresas americanas para estocarem produtos antes de chegarem os impactos das tarifas impostas por Trump. Durante o período, as companhias dos EUA acumularam importações numa tentativa de driblar os efeitos negativos do tarifaço imposto por Trump.
As importações cresceram no ritmo de 41,3%, enquanto as exportações aumentaram em ritmo mais lento, de 1,8%, no primeiro quarto do ano.
A queda no PIB americano contrasta com o crescimento de 2,4% registrado no último semestre de 2024. Trata-se do maior recuo desde o primeiro trimestre de 2022.
A diminuição no PIB foi pior do que algumas previsões. Economistas ouvidos pelo The Wall Street Journal, por exemplo, esperavam um crescimento de 0,4%.
Segundo o New York Times, o modelo de crescimento econômico do Federal Reserve Bank of Atlanta previa uma contração de 1,5% no primeiro trimestre, enquanto a versão do Fed de Nova York previa crescimento de 2,6%.