SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Policiais dos Estados Unidos invadiram uma boate na cidade de Colorado Springs e capturaram, de uma só vez, mais de cem imigrantes que estariam em situação irregular. A ação, ocorrida no domingo (27), foi uma das maiores do tipo desde que o presidente Donald Trump voltou à Casa Branca, em janeiro.
A operação foi coordenada por autoridades do DEA, a agência antidrogas do país. Segundo a polícia, 114 imigrantes foram detidos no total. Eles serão processados e, provavelmente, deportados dos EUA, disseram representantes do governo Trump. As nacionalidades dos presos não foram divulgadas.
A secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, disse que alguns dos migrantes portavam drogas.
Também insinuou que eles integram facções criminosas. “A DEA prendeu mais de cem estrangeiros ilegais em uma boate clandestina frequentada por terroristas da Tren de Aragua e da MS-13”, escreveu ela no X, referindo-se aos grupos venezuelano e salvadorenho, respectivamente, considerados terroristas por Washington. “Cocaína, metanfetamina e cocaína foram apreendidas. Dois foram presos por mandados já existentes.”
Vídeos publicados nas redes sociais mostram os policiais invadindo a boate. Diante dos agentes, os imigrantes levantam as mãos e se ajoelham.
Desde que Trump voltou à Presidência, agências têm aumentado as ações de fiscalização e buscas de migrantes em situação irregular. Na véspera, a Agência de Imigração e Alfândega dos EUA comunicou que autoridades da Flórida prenderam, em quatro dias, cerca de 800 pessoas em situação ilegal.
Trump promete fazer deportações em massa e, no mês passado, invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros, que concede ao presidente autoridade para expulsar “inimigos estrangeiros” sem o devido processo legal, em casos de guerra ou invasão.
A lei, criada no século 18, só havia sido usada durante a guerra de 1812 contra o Império Britânico e suas colônias no Canadá, e nas duas guerras mundiais. Grupos que atuam com direitos humanos, porém, apontam excessos, e a medida tem sido contestada nos tribunais.
Na semana passada, uma juíza federal decidiu que o governo deve dar aos migrantes venezuelanos detidos no país um aviso de 21 dias antes de qualquer deportação sob a Lei de Inimigos Estrangeiros e, além disso, informá-los sobre seu direito de contestar a remoção.
A decisão foi tomada dias depois de a instância máxima dos EUA suspender a deportação de vários supostos membros de gangues venezuelanas, que vivem no Texas, para uma prisão em El Salvador.
A Casa Branca respondeu que Trump manteria sua postura firme na repressão à imigração, mas evitou dizer que o governo desafiaria a Suprema Corte, parecendo, por ora, evitar uma potencial crise constitucional entre Judiciário e Executivo.