Caso Mirella: uma década de lembranças

Há exatos dez anos, na noite de 27 de abril de 2015, Criciúma foi palco de um crime brutal que chocou a comunidade: o latrocínio da radiologista Mirella Maccarini Peruchi. Ela e seu esposo, o neuropediatra Jaime Lin, foram abordados por dois assaltantes ao chegarem em sua residência no bairro Michel. Mirella foi atingida por disparos no tórax e na cabeça, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

A trágica ocorrência, relembrada nesta segunda-feira (28) pela Rádio Cidade em Dia, gerou uma ampla discussão sobre segurança pública e o sistema socioeducativo da época. Em uma produção para o canal CriTV Criciúma, o jornalista Nei Manique resgatou detalhes do caso e trouxe o depoimento do delegado Márcio Campos Neves, que atendeu a ocorrência.

O delegado recordou as dificuldades enfrentadas em relação à acomodação de adolescentes infratores. “Um dos envolvidos era adolescente e, na época, não havia espaço suficiente para acolher menores que cometiam delitos”, afirmou. Segundo ele, a comoção gerada pelo crime impulsionou a criação do Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) Sul. “E aí está hoje como uma realidade”, ressaltou.

Sobre a ocorrência, Márcio Campos Neves relatou: “Eu já vim direto para a delegacia, e a Polícia Militar, habilmente, já havia apreendido o adolescente. Depois foi descoberto que eram dois autores: um adolescente e um adulto, que foi preso posteriormente”. Ele também destacou a precariedade do sistema à época: “Sabedor da falta de vagas no sistema socioeducativo catarinense, com uma fila gigante, chamei o tio da vítima e expliquei: não tem vaga; é capaz desse bandido ficar em liberdade”.

O delegado também narrou a reação de Nilson Olivo, tio de Mirella: “O seu Nilson fez uma manifestação incisiva na frente da delegacia, com toda a imprensa presente. Assim, conseguiram uma vaga para o adolescente em Tubarão”.

Segundo Nei Manique, o adulto envolvido, já conhecido da polícia por atos infracionais cometidos na adolescência, foi identificado e preso pela Divisão de Investigação Criminal (DIC). “Foi ele quem efetuou os disparos. A ideia deles era assaltar para roubar a caminhonete”, explicou o jornalista.

Outro fato emblemático citado pelo delegado é que o autor do disparo, condenado a 22 anos de prisão por latrocínio, foi beneficiado com uma “saídinha” no Natal de 2023 e fugiu, sendo posteriormente recapturado e retornando à Penitenciária Sul.

Em memória de Mirella Maccarini Peruchi, seu tio Nilson Olivo, mencionado pelo delegado, participou ativamente das mobilizações em busca de justiça. A radiologista também foi homenageada com a nomeação de uma rua no bairro Ceará.

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