
O Vaticano vive um momento de especulação: quem será o próximo papa? A pergunta, que parece distante para muitos, ganha força em círculos religiosos, especialmente após os 11 anos de pontificado do argentino Francisco – o primeiro papa latino-americano da história.
Desta vez, dois cardeais africanos estão na mira dos analistas: Robert Sarah, da Guiné, e Fridolin Ambongo Besungu, do Congo. Ambos são ligados a grupos conservadores, que defendem missas em latim e são resistentes a mudanças, como a permissão para divorciados receberem a comunhão.
Mas calm, isso significa que a Igreja pode virar à direita? Especialistas dizem que não. Apesar do barulho, os conservadores não têm maioria entre os cardeais que votam. “Eles existem, mas não comandam o jogo”, dizem fontes próximas ao Vaticano.
Como funciona a eleição do papa?
O líder da Igreja Católica é escolhido em um evento chamado conclave – uma reunião secreta com todos os cardeais com menos de 80 anos (hoje são 132). Eles ficam trancados na Capela Sistina, em Roma, até chegarem a um consenso. Para vencer, um candidato precisa de 2/3 dos votos.
Na última vez, em 2013, o argentino Jorge Bergoglio (Papa Francisco) foi uma surpresa. Agora, o desafio é escolher alguém que mantenha o equilíbrio entre tradição e modernidade – um dos maiores debates da Igreja hoje.
Por que os africanos estão na berlinda?
A África é o continente onde o catolicismo mais cresce. Enquanto na Europa as igrejas esvaziam, países como Congo e Nigéria têm fiéis fervorosos. Por isso, cardeais africanos ganham relevância.

Robert Sarah, 78 anos, é o mais famoso: defende missas em latim (prática abandonada nos anos 1960) e já criticou publicamente Francisco.

Fridolin Ambongo Besungu, 64, é mais discreto, mas representa uma geração que quer menos interferência de Roma nas decisões locais.
Apesar do destaque, analistas duvidam que um conservador radical seja eleito. “A maioria dos cardeais quer continuidade, não ruptura”.
E o Brasil? Por que ninguém fala nos nossos cardeais?
Em 2013, o Brasil quase fez história: Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, estava entre os favoritos. Agora, porém, o país nem aparece nas conversas. O motivo? Dois fatores:
- Francisco é latino-americano: Há uma regra não escrita de que a Igreja evita dois papas seguidos do mesmo continente.
- Falta um nome forte: O único brasileiro cotado é Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador. Ele é respeitado, mas não tem projeção global.
O que pesa na escolha do papa?
Não é só sobre religião. A geopolítica importa – e muito. Veja os critérios que os cardeais avaliam:
- Continente de origem: Depois de um papa europeu (Bento XVI) e um latino (Francisco), a África e a Ásia são apostas.
- Idade: Preferem alguém entre 70 e 80 anos – jovem o suficiente para liderar, mas não tanto para ficar 20 anos no cargo.
- Perfil: Precisa agradar a esquerda (que quer Igreja mais aberta) e a direita (que pede tradição) ao mesmo tempo.
Papa Francisco e seu legado
Francisco modernizou a Igreja: deu mais voz a leigos, abordou temas como pobreza e mudanças climáticas, e até sugeriu que padres poderiam abençoar casais gays. Essas mudanças agradaram progressistas, mas irritaram conservadores.
Por isso, muitos cardeais acham arriscado eleger outro latino-americano – temem que seja visto como “Francisco 2.0” e aumente as divisões. “A região já deu sua contribuição”, disse uma fonte.
O Vaticano é famoso por surpresas: em 2013, Francisco era considerado “azarão”. Agora, tudo depende de alianças entre cardeais. Enquanto isso, o jogo segue: africanos sobem, brasileiros caem, e a Europa ainda segura parte do poder.
O próximo conclave pode definir se a Igreja mantém a abertura de Francisco ou dá um passo atrás. E, como dizem em Roma: “Quem entra papa no conclave sai cardeal” – ou seja, as apostas podem mudar a qualquer momento.
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