Dicas para superar o capacitismo em relação a pessoas com síndrome de Down

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Hoje o mundo celebra o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data, reconhecida oficialmente pela ONU desde 2012, visa promover a inclusão, combater preconceitos e garantir que as pessoas com trissomia do cromossomo 21 sejam vistas e tratadas com respeito.

Pessoas com síndrome de Down enfrentam barreiras colocadas por uma visão capacitista da sociedade. Isto é, sofrem discriminação ou preconceito por sua condição, sendo subestimadas nas suas habilidades. Por isso, algumas informações podem ajudar a desmistificar preconceitos e favorecer o acolhimento social de quem tem essa síndrome.

1. Pessoas com síndrome de Down se destacam por sua empatia e inteligência emocional. Elas são bastante sensíveis para perceber emoções nos outros e demonstram afeto e solidariedade de maneira espontânea. Por serem mais sensoriais, expressam sentimentos de forma mais tátil, valorizando o contato físico, como abraços e gestos de carinho.

É comum professores relatarem que os seus alunos com síndrome de Down assumem um papel de apoio emocional para colegas de classe que enfrentam dificuldades. Eles demonstram alta capacidade de consolar e incentivar os outros, promovendo um ambiente mais acolhedor.

2. Pessoas com síndrome de Down podem construir carreiras completas e de sucesso. É um equívoco pensar que todas as pessoas com síndrome de Down possuem as mesmas limitações intelectuais. Assim como em qualquer grupo humano, há uma variabilidade no seu desenvolvimento cognitivo. Com estímulo adequado e oportunidades, muitos aprendem idiomas, ingressam em universidades e constroem carreiras bem-sucedidas.

Um exemplo é o da modelo brasileira Maju de Araújo que já apareceu na lista Forbes Under 30, desfilou em semanas de moda como a de Milão e é embaixadora de uma marca de cosméticos. Ela tem quebrado barreiras e demonstrado que pessoas com síndrome de Down podem ocupar espaços antes considerados inacessíveis.

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Modelo Maju de Araújo. Foto: Reprodução/ Instagram

3. Pessoas com síndrome de Down vivem relacionamentos afetivos como qualquer outra pessoa. Ainda há quem acredite que indivíduos com síndrome de Down não podem namorar ou ter uma vida amorosa plena. Esse preconceito desconsidera o fato de que eles sentem desejo, se apaixonam e constroem relações baseadas em afeto e cumplicidade.

Em 2017, celebrei o casamento de Pedro e Rafaela, um casal com síndrome de Down. Além de testemunhar o amor genuíno entre eles, foi emocionante ver a alegria de suas famílias naquele momento especial. Por causa da síndrome, muitos pais carregam a incerteza de que seus filhos terão a oportunidade de viver um relacionamento amoroso e realizar o sonho do casamento.

4. Pessoas com síndrome de Down têm o potencial de viver de forma independente, e muitas desejam isso. Existe um equívoco comum de que esses indivíduos sempre precisarão de assistência para viver. No entanto, muitos conseguem desenvolver autonomia quando recebem o apoio necessário para aprender habilidades do cotidiano. Com acesso à educação, treinamento e incentivo adequados, eles são capazes de gerenciar suas finanças, viver sozinhos e tomar decisões sobre suas vidas, assim como qualquer outra pessoa.

João Pedro foi o meu primeiro paciente com síndrome de Down, há quase vinte anos. Lembro de quando ele chegou ao consultório pela primeira vez. Fiquei impressionado com o fato de ele morar sozinho e trabalhar na administração de uma rede de restaurantes. Percebendo a minha surpresa com o estilo de vida que eu não imaginava que ele pudesse ter, João disse: minha família me apoia, mas quem cuida da minha vida sou eu.

Embora a vida de quem tem síndrome de Down não deva ser romantizada, sua infantilização tampouco traz proveito. Compreender melhor essa condição que afeta cerca de 300 mil brasileiros é uma forma de contribuir para que essas pessoas e suas famílias tenham melhor qualidade de vida.

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