Telescópio europeu Euclid faz registro raríssimo do Anel de Einstein

anel de einstein

LUCAS ALMEIDA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O satélite Euclid, lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), fez o registro de um “Anel de Einstein”, fenômeno previsto pelo físico alemão.

As imagens foram registradas em 2023 pelo Euclid e divulgadas na última segunda-feira (10). De acordo com a ESA, na fase inicial de testes após o lançamento, que ocorreu em julho daquele ano, o satélite enviou um “pacote” com algumas fotos desfocadas.

Quem percebeu o Anel de Einstein nas imagens foi Bruno Altieri, cientista do Arquivo Euclid. “Eu analiso os dados do Euclid conforme eles chegam”, explica. “Já naquela primeira observação, pude ver algo, mas depois que o Euclid fez mais observações da área, conseguimos ver um perfeito Anel de Einstein. Para mim, que sempre tive interesse por lentes gravitacionais, foi algo incrível.”

Um Anel de Einstein é um fenômeno astronômico resultante do efeito de lente gravitacional, previsto pela Teoria da Relatividade Geral. Ele ocorre quando a luz de uma galáxia ou quasar distante é distorcida pela gravidade de um objeto massivo, como outra galáxia ou um buraco negro, que está localizado entre a fonte de luz e o observador na Terra.

Se o alinhamento entre a fonte, a lente gravitacional e o observador for perfeito, a luz se curva de tal forma que forma um anel quase completo ao redor do objeto massivo. Esse efeito forma uma “lupa cósmica”, que permite que astrônomos deem um zoom nas profundezas do universo e estudem galáxias muito distantes e obtenham informações sobre a matéria escura e a distribuição da massa.

O Anel fotografado pelo Euclid estava escondido bem “na nossa cara”, em uma galáxia relativamente próxima. A galáxia, chamada NGC 6505, está a cerca de 590 milhões de anos-luz da Terra -uma distância curta em termos cósmicos. No entanto, esta é a primeira vez que o anel de luz ao redor de seu centro foi detectado, graças aos instrumentos de alta resolução do Euclid.

Na imagem registrada pelo Euclid, o anel em torno da galáxia em primeiro plano é resultado da luz de uma galáxia muito mais distante e luminosa. Localizada a 4,42 bilhões de anos-luz, essa galáxia de fundo teve sua luz curvada pela gravidade ao longo do percurso até a Terra. Até então nunca observada, essa galáxia ainda não possui um nome.

“Um Anel de Einstein é um exemplo de lente gravitacional forte. Todas as lentes gravitacionais fortes são especiais porque são muito raras e incrivelmente úteis para a ciência. Esta, em particular, é especial porque está tão próxima da Terra e o alinhamento torna sua aparência muito bela”, disse Conor O’Riordan, do Instituto Max Planck de Astrofísica, na Alemanha.

FENÔMENO JÁ FOI REGISTRADO ANTERIORMENTE

Em 2020, o telescópio Hubble fotografou um Anel de Einstein. Localizado no hemisfério sul da constelação de Fornax (a Fornalha), ele foi nomeado GAL-CLUS-022058s, mas recebeu o apelido de “Anel Derretido” pelos cientistas, por conta de sua aparência.

O telescópio James Webb também tem uma foto de um anel para chamar de sua. O registro foi feito em 2022, e o fenômeno permitiu que se observasse uma galáxia a 12 bilhões de anos-luz da Terra, chamada SPT-S J041839-4751.8.

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